30 de dez. de 2009
29 de dez. de 2009
AGULHADAS E SENTENÇA DE MORTE À NOSSA INÉRCIA!
O caso da criança de dois anos, que teve dezenas de agulhas enfiadas em seu corpo pelo seu padrasto em Ibotirama no oeste baiano, que tem como suspeitas de participação e envolvimento duas mulheres, uma identificada como amante do padrasto e outra, uma senhora que se diz Mãe-de-Santo, chocou e indignou o país diante da sua brutalidade.
A sequência de assassinatos misteriosos, com requintes de perversidade, em diversos bairros da capital cearense, cuja a investigação policial corre em sigilo e que está ligado, segundo a imprensa local, a rituais de magia negra tendo como possíveis suspeitos membros de terreiros de Umbanda está assustando a coletividade dos cultos afro-brasileiros em Fortaleza.
Para as autoridades religiosas e adeptos dos cultos e religiões afro-brasileiras uma certeza absoluta, ambos os casos nada tem haver com a doutrina, teologia, rito e liturgia, e as tradições do Candomblé, da Umbanda, do Omoloko, do cultos de nação em geral. Tão pouco é alicerçado ou respaldado pelos ensinamentos difundidos pelo mundo espiritual presente nessas religiões e cultos, bem como ministrados por seus sacerdotes e sacerdotisas.
Assim como todos, esses atos criminosos nos chocam, nos indignam e evidente que somamos a nossa voz ao coro de repúdio da sociedade, cobrando justiça e nos solidarizando as vítimas e seus familares.
É ponto pacífico, que tais atos são perpetrados por indivíduos ou grupos desequilibrados, destituídos de discernimento, razão ou quaisquer valores morais. Obnubilados por sandices e crendices desvirtuadas, somente acreditam no ódio, na vingança e nos seus desejos e sentimentos mais mesquinhos e vilipendiosos. Muitas vezes são seres vazios de tudo, sem rumo, horizonte e sem nenhum resquício de valores básicos da convivência humana.
Poderíamos discorrer longamente sobre os motivos ou exatamente a falta deles, que levam as criaturas humanas se assemelharem as bestas-feras e alcançar com seus atos a mais baixa iniquidade, caindo de cabeça nas sombras, na escuridão e nas trevas da alma.
Também poderia enveredar pelo caminho realista da discriminação e do preconceito que ainda resiste na sociedade, em pleno terceiro milênio, em relação a tudo o que diz respeito as religiões e cultos afro-brasileiros.
Prefiro, no entanto realizar uma reflexão crítica sobre a permissividade que grassa no seio do movimento dos cultos afro-brasileiros, que se não é a origem desta percepção discriminatória e preconceituosa da sociedade, contribui amplamente para sua existência.
Sempre digo que: “Quem permite o pouco, assiste passivamente o muito”. Essa sensação muitas vezes me vem a tona no dia-a-dia da religião.
A despeito dos religiosos sérios, dos trabalhos dignos e valorosos encetados em muitos templos, terreiros, tendas, choupanas, centros, barracões, roças etc, independente da luta nobre das diversas associações, organizações, instituições e federações pelo bom nome e da dignificação das religiões e cultos afro-brasileiros, da busca pela inserção e reconhecimento da sociedade, fato é que:
Os desmandos da autoridade religiosa ainda é um câncer a ser extirpado;
Os vendilhões do templo, continuam a vender qualquer coisa pelo melhor preço que conseguirem;
Os mercadores da fé traficam falsas esperanças, curas impossíveis, realizações de quimeras, e satisfação de qualquer tipo de desejo, sentimento e vontade;
O culto a personalidade, a egolatria, o poder desmedido fascinam autoridades e criam um despotismo renitente;
A mediunidade como fim e não como meio que ressalta o fenômeno e respalda o maravilhoso e o sobrenatural;
A falta de disciplina e disciplinadores;
A facilidade como se aplaude, louva, permite, aceita se é condescendente, mesmo em nome da educação, da tolerância e do respeito ao próximo, com o que se sabe ser errado;
A falta de estudo e pesquisa ou a existência deles, não pelo poder do saber, mas pelo conhecimento salutar que alicerça a fé e abre os horizontes da visão espiritual;
A desarticulação fraterna, a falta de união, a visão míope da defesa dos minifúndios, ou mesmo dos latifúndios religiosos.
Por fim e não chegando ao fim de uma lista muito maior que essa, a total desvalorização que os próprios religiosos nutrem sobre as iniciativas individuais ou coletivas válidas, sejam por pessoas, grupos ou instituições a favor das religiões e cultos afro-brasileiros.
Nos calamos demais, silenciamos mais ainda. Diz o ditado que quem cala consente. Assim consetimos demais, deixamos correr frouxo, fazemos vista grossa, muitas vezes ao que acontece no interior de nossas casas espirituais, logo ao lado, ou mesmo em lugares que somos convidados a visitar.
São pais e mães de “poste”, sacerdotes e sacerdotisas “alienígenas”, que caem de paraquedas e ninguém sabe de onde veio ou surgiu, a “mistureba”, em nome da evolução e da modernidade, com ritos, conceitos e doutrinas exteriores as tradições das religiões e cultos afro-brasileiros, fora a “demonização” impetrada por nós mesmos, na tentativa de gerar uma aura de respeito e medo aos outros , de divulgar a crença absurda que somos detentores de “verdades absolutas”, de um poder mediúnico “forte”, manipuladores de “magias” poderosas e conhecedores de ensinamentos ocultos, místicos e sobrenaturais.
Sim, devemos matar esta inércia que solapa a realidade de nossas religiões e cultos afro-brasileiros e a inaptidão que nos paralisa e impede de conseguirmos reverter esta errônea percepção que a sociedade e a mídia possuem de nós, antes que pela inércia e incapacidade morramos, transformados definitivamente naquilo em que não somos, não pregamos, não cultuamos e nem defendemos.
Bradamos ao mundo a discriminação e o preconceito e esquecemos de olhar para o próprio umbigo e ver muitas vezes a manifestação a discriminação e o preconceito intra-religiosos.
Exigimos respeito e consideração e deixamos tanta coisa errada acontecer no interior e no entorno do nosso movimento religiosos.
Não podemos culpar os outros de olharem para nossas religiões e cultos e enxergarem em muitos locais que visitam, exatamente aquilo que eles já ouviram falar de errado, ou as ideias pré-concebidas que adquiriram através, por exemplo de alguns setores mal informados da mídia e do ataque de outros segmentos religiosos.
Às vezes penso que gostamos desta pecha e de vivermos assim como párias religiosos da sociedade e cultura de periferia no seu sentido pejorativo.
Definitivamente, não praticamos rituais satânicos, sacrifícios de seres humanos, rituais de magia negra, enfiamos agulhas em criança ou qualquer coisa assemelhada e parecida.
Agulhadas merecem todos nós, adeptos das religiões e cultos afro-brasileiros para que reajamos e não fiquemos escondidos em nossas conchas, com a cabeça, feito avestruz enfiada na terra, repetindo incansavelmente para nós mesmos, isso não tem nada haver comigo, logo vai passar.
Sentença de morte merece a inércia que congela e paralisa a nossa iniciativa de luta, de união, de espírito de corpo, de fraternidade, liberdade e igualdade que as religiões e cultos afro-brasileiros já merecem a muito tempo.
Pensemos nisso ao apagar das luzes de 2009.
A sequência de assassinatos misteriosos, com requintes de perversidade, em diversos bairros da capital cearense, cuja a investigação policial corre em sigilo e que está ligado, segundo a imprensa local, a rituais de magia negra tendo como possíveis suspeitos membros de terreiros de Umbanda está assustando a coletividade dos cultos afro-brasileiros em Fortaleza.
Para as autoridades religiosas e adeptos dos cultos e religiões afro-brasileiras uma certeza absoluta, ambos os casos nada tem haver com a doutrina, teologia, rito e liturgia, e as tradições do Candomblé, da Umbanda, do Omoloko, do cultos de nação em geral. Tão pouco é alicerçado ou respaldado pelos ensinamentos difundidos pelo mundo espiritual presente nessas religiões e cultos, bem como ministrados por seus sacerdotes e sacerdotisas.
Assim como todos, esses atos criminosos nos chocam, nos indignam e evidente que somamos a nossa voz ao coro de repúdio da sociedade, cobrando justiça e nos solidarizando as vítimas e seus familares.
É ponto pacífico, que tais atos são perpetrados por indivíduos ou grupos desequilibrados, destituídos de discernimento, razão ou quaisquer valores morais. Obnubilados por sandices e crendices desvirtuadas, somente acreditam no ódio, na vingança e nos seus desejos e sentimentos mais mesquinhos e vilipendiosos. Muitas vezes são seres vazios de tudo, sem rumo, horizonte e sem nenhum resquício de valores básicos da convivência humana.
Poderíamos discorrer longamente sobre os motivos ou exatamente a falta deles, que levam as criaturas humanas se assemelharem as bestas-feras e alcançar com seus atos a mais baixa iniquidade, caindo de cabeça nas sombras, na escuridão e nas trevas da alma.
Também poderia enveredar pelo caminho realista da discriminação e do preconceito que ainda resiste na sociedade, em pleno terceiro milênio, em relação a tudo o que diz respeito as religiões e cultos afro-brasileiros.
Prefiro, no entanto realizar uma reflexão crítica sobre a permissividade que grassa no seio do movimento dos cultos afro-brasileiros, que se não é a origem desta percepção discriminatória e preconceituosa da sociedade, contribui amplamente para sua existência.
Sempre digo que: “Quem permite o pouco, assiste passivamente o muito”. Essa sensação muitas vezes me vem a tona no dia-a-dia da religião.
A despeito dos religiosos sérios, dos trabalhos dignos e valorosos encetados em muitos templos, terreiros, tendas, choupanas, centros, barracões, roças etc, independente da luta nobre das diversas associações, organizações, instituições e federações pelo bom nome e da dignificação das religiões e cultos afro-brasileiros, da busca pela inserção e reconhecimento da sociedade, fato é que:
Os desmandos da autoridade religiosa ainda é um câncer a ser extirpado;
Os vendilhões do templo, continuam a vender qualquer coisa pelo melhor preço que conseguirem;
Os mercadores da fé traficam falsas esperanças, curas impossíveis, realizações de quimeras, e satisfação de qualquer tipo de desejo, sentimento e vontade;
O culto a personalidade, a egolatria, o poder desmedido fascinam autoridades e criam um despotismo renitente;
A mediunidade como fim e não como meio que ressalta o fenômeno e respalda o maravilhoso e o sobrenatural;
A falta de disciplina e disciplinadores;
A facilidade como se aplaude, louva, permite, aceita se é condescendente, mesmo em nome da educação, da tolerância e do respeito ao próximo, com o que se sabe ser errado;
A falta de estudo e pesquisa ou a existência deles, não pelo poder do saber, mas pelo conhecimento salutar que alicerça a fé e abre os horizontes da visão espiritual;
A desarticulação fraterna, a falta de união, a visão míope da defesa dos minifúndios, ou mesmo dos latifúndios religiosos.
Por fim e não chegando ao fim de uma lista muito maior que essa, a total desvalorização que os próprios religiosos nutrem sobre as iniciativas individuais ou coletivas válidas, sejam por pessoas, grupos ou instituições a favor das religiões e cultos afro-brasileiros.
Nos calamos demais, silenciamos mais ainda. Diz o ditado que quem cala consente. Assim consetimos demais, deixamos correr frouxo, fazemos vista grossa, muitas vezes ao que acontece no interior de nossas casas espirituais, logo ao lado, ou mesmo em lugares que somos convidados a visitar.
São pais e mães de “poste”, sacerdotes e sacerdotisas “alienígenas”, que caem de paraquedas e ninguém sabe de onde veio ou surgiu, a “mistureba”, em nome da evolução e da modernidade, com ritos, conceitos e doutrinas exteriores as tradições das religiões e cultos afro-brasileiros, fora a “demonização” impetrada por nós mesmos, na tentativa de gerar uma aura de respeito e medo aos outros , de divulgar a crença absurda que somos detentores de “verdades absolutas”, de um poder mediúnico “forte”, manipuladores de “magias” poderosas e conhecedores de ensinamentos ocultos, místicos e sobrenaturais.
Sim, devemos matar esta inércia que solapa a realidade de nossas religiões e cultos afro-brasileiros e a inaptidão que nos paralisa e impede de conseguirmos reverter esta errônea percepção que a sociedade e a mídia possuem de nós, antes que pela inércia e incapacidade morramos, transformados definitivamente naquilo em que não somos, não pregamos, não cultuamos e nem defendemos.
Bradamos ao mundo a discriminação e o preconceito e esquecemos de olhar para o próprio umbigo e ver muitas vezes a manifestação a discriminação e o preconceito intra-religiosos.
Exigimos respeito e consideração e deixamos tanta coisa errada acontecer no interior e no entorno do nosso movimento religiosos.
Não podemos culpar os outros de olharem para nossas religiões e cultos e enxergarem em muitos locais que visitam, exatamente aquilo que eles já ouviram falar de errado, ou as ideias pré-concebidas que adquiriram através, por exemplo de alguns setores mal informados da mídia e do ataque de outros segmentos religiosos.
Às vezes penso que gostamos desta pecha e de vivermos assim como párias religiosos da sociedade e cultura de periferia no seu sentido pejorativo.
Definitivamente, não praticamos rituais satânicos, sacrifícios de seres humanos, rituais de magia negra, enfiamos agulhas em criança ou qualquer coisa assemelhada e parecida.
Agulhadas merecem todos nós, adeptos das religiões e cultos afro-brasileiros para que reajamos e não fiquemos escondidos em nossas conchas, com a cabeça, feito avestruz enfiada na terra, repetindo incansavelmente para nós mesmos, isso não tem nada haver comigo, logo vai passar.
Sentença de morte merece a inércia que congela e paralisa a nossa iniciativa de luta, de união, de espírito de corpo, de fraternidade, liberdade e igualdade que as religiões e cultos afro-brasileiros já merecem a muito tempo.
Pensemos nisso ao apagar das luzes de 2009.
Caio de Omulu
24 de dez. de 2009
A CARNE É FRACA
Alguma vez você já pensou sobre a trajetória de um bife antes de chegar ao seu prato? Nós pesquisamos isso para você e contamos, neste documentário, aquilo que não é divulgado. Saiba dos impactos que esse ato - aparentemente banal - de consumir carne representa para a sua saúde, para os animais e para o planeta. Com depoimentos dos jornalistas Washington Novaes e Dagomir Marquezi, entre outros. Realização do Instituto Nina Rosa.
Para quem se interessa, deixo uma versão para download do livro "Alimentação a Luz do Cosmos" que traz mais esclarecimentos sobre os malefícios da alimentação carnívora.
Fonte: Documentário "a carne é fraca"
BOAS FESTAS
Vídeo com uma bela mensagem, feito pelo nosso amigo universalista Sérgio Carvalho.
Que todos tenham um Natal maravilhoso, desejo que despertemos a consciência perante o que está ocorrendo no mundo e o que realmente somos! E que trabalhemos conforme os ensinamentos do Evangelho Eterno do Cristo para contribuir para uma transição entre eras mais tênue e agradável a todos!
Que possamos dar mais valor ao que é real e eterno e não ao que é ilusório e passageiro.
Que todos sejamos com Deus a cada dia mais!!!
23 de dez. de 2009
PASTOR WALTER ALTMANN TRAZ MENSAGEM DE NATAL COM JESUS
Pastor Walter Altmann, Pastor Presidente, IECLB - Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, traz sua mensagem de Natal, falando sobre os presépios e a importância de Jesus Cristo em nossas vidas.
22 de dez. de 2009
PADRE ZEZINHO CANTA JESUS NESTE NATAL
Padre Zezinho, nesta linda melodia nos harmoniza com sua música, que toca fundo em nossos corações, dizendo-nos para amar como Jesus amou.
MÉDIUM CHICO XAVIER FALA SOBRE JESUS E O NATAL
Neste vídeo, o Médium Espírita Chico Xavier em entrevista ao Programa da Hebe Camargo no Natal de 1985, nos traz grandes esclarecimentos amorosos, exaltando e homenageando Nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo.
20 de dez. de 2009
NASCIMENTO DE JESUS CRISTO
Grande parte do que é conhecido sobre o nascimento de Jesus, sua vida e seus ensinamentos é contado pelos Evangelhos canônicos: Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João pertencentes ao Novo Testamento da Bíblia. Os Evangelhos Apócrifos apresentam também alguns relatos relacionados com a infância de Jesus.
Esses Evangelhos narram os fatos mais importantes da vida de Jesus. Os Atos dos Apóstolos contam um pouco do que sucedeu nos 30 anos seguintes. As Epístolas (ou cartas) de Paulo também citam fatos sobre Jesus. Notícias não-cristãs de Jesus e do tempo em que ele viveu encontram-se nos escritos de Josefo, que nasceu no ano 37 d.C.; nos de Plínio, o Moço, que escreveu por volta do ano 112; nos de Tácito, que escreveu por volta de 117; e nos de Suetônio, que escreveu por volta do ano 120.
No entanto, é nos Evangelhos de Mateus e de Lucas que se tem melhores informações a respeito da infância de Jesus. Enquanto Mateus foi um dos doze apóstolos, Lucas teria empreendido uma pesquisa dos fatos que na sua época já eram relatados de modo que o seu Evangelho é o que mais contém informações a respeito da vida de Jesus na Terra, antes mesmo do seu nascimento.
Fatos bíblicos que antecederam o nascimento de Jesus
Segundo o Evangelho de Lucas, o trabalho da vida de Jesus na Terra, fôra iniciado por João Batista, filho de Zacarias. Este era um sacerdote judeu que tinha por esposa a Isabel, a qual, por sua vez era membro do ramo mais próspero do mesmo grande grupo familiar ao qual também pertencia Maria, a mãe de Jesus.
Zacarias e Isabel, embora estivessem casados há muitos anos fossem de idade avançada, não tinham filhos porque Isabel era estéril.
O anjo Gabriel apareceu a direita do altar de incenso a Zacarias e anunciou que suas orações haviam sido ouvidas por Deus e Isabel daria à luz um filho que deveria ser chamado por João. E disse mais: contou que seria “grande diante do Senhor” e que teria a virtude de Elias: o grande profeta que os orvalhos e a chuva se submeteram a sua palavra, o grande profeta que ressuscitou o filho de uma viúva, o grande profeta que chamou fogo do céu. Elias que teve sua maior jornada na luta contra os pecados do rei Acabe e da sua esposa Jezabel, promíscua e adoradora de Baal. Segundo Gabriel, João teria a virtude de Elias, como de fato procedeu contra Herodes e Herodias, e sendo respeitado entre os judeus.
Quando Gabriel anunciou o nascimento, Zacarias alegou que ele e sua esposa eram velhos para terem filhos. Por conta dessa incredulidade, Zacarias ficou mudo até o nascimento de João. Quando Zacarias terminou de servir no templo e voltou para casa, Isabel concebeu.
Seis meses depois do início da gravidez de Isabel, Gabriel foi até Nazaré e saudou Maria, mulher prometida a José: “Salve cheia de graça; o Senhor é contigo.” Foi anunciada a virgem que daria à luz um filho e que deveria ser chamado de Jesus. E disse mais: que seria chamado filho do Altíssimo, Filho de Deus. O anjo disse que Jesus seria “grande”. Observe-se que ele não seria “grande diante do Senhor”, como foi dito de João, ele seria o próprio Senhor que assentaria no trono de Davi e cujo João estaria adiante nos seus passos de anunciação.
Quando Maria perguntou como se daria tal coisa, pois era virgem, Gabriel anunciou que seria uma concepção do Espírito Santo.
Ela já estava comprometida em casamento com José e o noivado judaico era um compromisso tão sério que o noivo já se dizia marido e não podia desfazê-lo, senão por um repúdio e antes que tivessem tido qualquer envolvimento íntimo, se achou grávida pelo Espírito Santo. Segundo o evangelho segundo Mateus, José ao saber, quis deixá-la, achando que ela tinha tido outro homem, mas o anjo Gabriel apareceu a ele em sonho e lhe explicou o que estava acontecendo.
Como o anjo havia contado sobre a concepção de Isabel, Maria foi visitá-la e por revelação do Espírito Santo, naquela momento Isabel recebeu a palavra do conhecimento e clamou: “Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre. E de onde me provém isto a mim, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor?”
No dia da circuncisão de João, contrariando o costume judaico, Isabel escolheu o nome do menino: João; sem que houvesse tal nome na parentela de Zacarias, o mesmo foi interpelado a respeito daquela peculiaridade, e Zacarias escreveu numa tábua: “O seu nome é João”. E todos se maravilharam. E voltou a voz a boca de Zacarias.
Segundo a tradição cristã, João Batista, cujo nome significa "graça ou favor de Deus", cresceu habitando em desertos até o início de seu ministério quando haveria de mostrar-se em Israel e anunciar os dias de Jesus.
O Nascimento de Jesus
Jesus nasceu durante o reinado de Herodes, o Grande, que os romanos haviam designado para governar a Judéia. Os calendários são contados a partir do ano em que se supõe ter nascido Jesus, mas as pessoas que fizeram essa contagem equivocaram-se com as datas: Herodes morreu no ano 4 a.C., de modo que Jesus nasceu 3 anos antes, a quando dos censos do povo Judeu, que ocorreu, exactamente, 1 ano após os censos dos outros povos também subjugados ao poder Romano. Estes censos ocorreram para facilitar aos Romanos a contagem do povo e a respectiva cobrança dos impostos. Os Judeus sempre se opuseram a qualquer tentativa de contagem, por essa razão, esta ocorreu um ano depois de ter ocorrido nos povos vizinhos. Desde o século IV, os cristãos festejam o Natal, ou nascimento de Cristo, no dia 25 de dezembro. Esta foi uma adaptação das festas ao deus Sol dos povos pagãos, adquirida pelos Romanos. A data real ainda é incerta, ver mais adiante.
A notícia do anjo Gabriel
Maria foi a mãe de Jesus. Ela e o carpinteiro José, seu marido, moravam em Nazaré, uma cidade da província da Galiléia, no norte da Palestina. O Evangelho de Lucas conta que o arcanjo Gabriel apareceu a Maria e anunciou que ela ia dar à luz o filho de Deus, o prometido Messias.
Lucas relata também que, após receber a notícia do anjo, Maria teria passado uns três meses com Isabel e Zacarias nas montanhas de Judá e que depois retornou para sua casa.
Mateus, por sua vez, traz a informação de que José, não teria compreendido inicialmente que Maria recebera a importante missão de conceber o Messias e se afastou de Maria, pelo que um anjo lhe pareceu em sonhos para que ele a recebesse.
Nascimento em uma manjedoura
Algum tempo antes de Jesus nascer, Maria e José foram a Belém, a fim de terem seus nomes registrados em um recenseamento. Devido a um decreto de Otávio Augusto, todas as pessoas que viviam no mundo romano tiveram que se alistar em suas respectivas cidades, sendo que José era de Belém.
Belém era uma pequena cidade do sul da Judéia. Maria e José encontraram abrigo num estábulo, e foi aí que Jesus nasceu. Maria fez de uma manjedoura o berço para ele.
Os Evangelhos falam de pastores que, perto de Belém, viram anjos no céu e os ouviram cantar: Glória a Deus nas alturas e, na Terra, paz e boa vontade entre os homens [1]. Algumas traduções da Bíblia dizem: paz na Terra aos homens de boa vontade.
Circuncisão de Jesus
Completados os oito dias que determina a tradição judaica, Jesus foi apresentado ao templo de Jerusalém por sua família para ser circuncidado, quando então foi abençoado por Simeão e Ana.
A visita dos magos do Oriente
A Bíblia também relata que vieram sábios do oriente para ver o Messias recém-nascido. A princípio perguntaram por ele na corte de Herodes. Mais tarde puderam localizá-lo, seguindo até Belém a luz de uma estrela. Trouxeram a Jesus oferendas de ouro, incenso e mirra.
Herodes pedira-lhes que voltassem para informá-lo quando tivessem encontrado o menino, mas eles não fizeram isso. Herodes tomou-se de fúria e, com medo desse novo rei dos judeus, mandou que fossem mortos todos os meninos de Belém que tivessem dois anos de idade ou menos. Um anjo apareceu a José, em sonho, e o preveniu. José fugiu então para o Egito, com Maria e o menino Jesus. Só retornaram a Nazaré depois da morte de Herodes.
A visita teria realmente ocorrido?
A tradicional crença de que Jesus foi visitado em seu nascimento não é consenso no meio acadêmico. Para o professor de história antiga da Universidade Federal do Rio de Janeiro, André Chevitaresse, não haveria "evidências históricas" de que estes eram reis ou mesmo magos, nem que visitaram Jesus logo após seu nascimento. Para o historiador, estes personagens teriam sido criados pelo evangelista Mateus como uma metáfora do reconhecimento de Jesus pelos povos daquela época. Somente no Século III os magos receberiam o título de reis, o que para Chevitaresse corresponderia a uma forma de legitimar a profecia que consta do Salmo 72. No Século IX os magos teriam enfim recebidos os nomes pelos quais são conhecidos até hoje.
A fuga para o Egito
Prosseguindo a leitura do livro de Mateus, mais adiante o evangelista informa a notícia de que José, avisado em sonhos a respeito de um plano de Herodes para matar Jesus, foge com Maria e o menino para o Egito.
O momento em que A família de Jesus foge para o Egito também não é suficientemente preciso na Bíblia. O fato de Herodes ter mandado matar todas as crianças de Belém do sexo masculino de dois anos para baixo pode significar que, depois do nascimento de Jesus na manjedoura, José ainda teria permanecido por algum tempo nessa cidade esperando que o menino estivesse em condições para suportar uma viagem de volta à Galiléia.
Igualmente, não se sabe ao certo por quanto tempo a família de Jesus teria morado no Egito. Sabe-se apenas que Jesus permaneceu no Egito até a morte de Herodes, quando então José, após ser avisado por um anjo em seus sonhos, retorna para a cidade de Nazaré.
Data exata de nascimento de Jesus
A data de nascimento de Jesus é muito discutida. Devido a falhas do calendário há quem diga que Jesus teria nascido por volta do ano 6 d.C. . Porém, considerando que Jesus nasceu pouco tempo antes da morte de Herodes isto coloca-nos numa data anterior a 4 a.C..
Outra ajuda que temos para facilitar a localização da data do nascimento de Jesus foi que este ocorreu a quando José foi a Belém com sua família para participar do recenseamento.
Os romanos obrigaram o recenseamento de todos os povos que lhes eram sujeitos a fim de facilitar a cobrança de impostos, o que se tornou numa valiosa ajuda na localização temporal dos fatos, uma vez que ocorreu exactamente 4 anos antes da morte de Herodes, no ano 8 a.C..
Entretanto, os Judeus tomaram providência no sentido de dificultar qualquer tentativa por parte dos ocupantes em contar o seu povo, pelo que, segundo a história, nas terras judaicas este recenseamento ocorrera um ano depois do restante império romano, ou seja no ano 7 a.C.. Em Belém, o recenseamento ocorrera no oitavo mês, pelo que se concluiu que, Jesus nascera provavelmente no mês de Agosto do ano 7 a.C..
Outros fatos também ajudam a estimar a data exata. Conforme é relatado pelos textos bíblicos, no dia seguinte ao nascimento de Jesus, José fez o recenseamento da sua família, e um dia depois, Maria enviou uma mensagem a Isabel relatando o acontecimento.
A apresentação dos bebês no templo, bem como a purificação das mulheres teria de ocorrer até aos vinte e um dias após o parto. Jesus foi apresentado no templo de Zacarias, segundo os registos locais, no mês de Setembro num sábado. Sabe-se que Setembro do ano 7 a.C. teve quatro sábados: 4, 11, 18 e 25. Como os censos em Belém ocorreram entre 10 e 24 de Agosto, o sábado de apresentação seria o de 11. Logo Jesus teria nascido algures depois de 21 de Agosto do ano 7 a.C..
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Nascimento_de_Jesus
A HISTÓRIA DO PRESÉPIO DE NATAL
Ao lado do pinheirinho e dos presentes, o presépio é talvez uma das mais antigas formas de caracterização do Natal. A palavra presépio significa “um lugar onde se recolhe o gado; curral, estábulo”. Porém, esta também é a designação dada à representação artística do nascimento do Menino Jesus num estábulo.
Os cristãos já celebravam a memória do nascimento de Jesus desde finais do séc. III, mas a tradição do presépio, na sua forma atual, tem as suas origens no século XVI. Antes dessa época, o nascimento e a adoração ao Menino Jesus eram representadas de outras maneiras. As primeiras imagens do que hoje conhecemos como presépio de natal foram criadas em mosaicos no interior de igrejas e templos no século VI e, no século seguinte, a primeira réplica da gruta no Ocidente foi construída em Roma.
Presépio de Natal: o início da tradição
No ano de 1223, no lugar da tradicional celebração do natal na igreja, São Francisco, tentando reviver a ocasião do nascimento do Menino Jesus, festejou a véspera do Natal com os seus irmãos e cidadãos de Assis na floresta de Greccio. São Francisco começou então a divulgar a idéia de criar figuras em barro que representassem o ambiente do nascimento de Jesus.
De lá pra cá, não há dúvidas que a tradição do presépio natalino se difundiu pelo mundo criando uma ligação com a festa do Natal. Já no século XVIII, a recriação da cena do nascimento de Jesus estava completamente inserida nas tradições de Nápoles e da Península Ibérica.
Neste mesmo século, vindo de Nápoles, o hábito de manter o presépio nas salas dos lares com figuras de barro ou madeira difundiu-se por toda a Europa e de lá chegou ao Brasil. Hoje, nas igrejas e nos lares cristãos de todo o mundo são montados presépios recordando o nascimento do Menino Jesus, com imagens, de madeira, barro ou plástico, em tamanhos diversos.
Atualmente, tradições natalinas antigas como a árvore de natal, o Papai Noel, a ceia de natal, o presépio e as músicas natalinas dão forma à celebração do Natal ao redor do mundo.
Fonte: http://www.presentedenatal.com.br/presepio_natal.htm
A INFLUÊNCIA DAS IDÉIAS ROSACRUZES NA EUROPA
Entrevista com o Dr. Carlos Gilly, bibliotecário da Bibliotheca Philosophica Hermetica, de Amsterdã (Holanda), 2002:
Pergunta: Professor Gilly, baseando-se nos fatos que o senhor coletou, o senhor poderia demonstrar que a riqueza das idéias rosa-cruzes teve uma influência positiva sobre o desenvolvimento da Europa?
Resposta: O primeiro manifesto rosa-cruz surgiu na Alemanha, em 1614. Seu título era: Fama Fraternitatis. Sob o título, podia-se ler: “Reforma geral e universal do mundo inteiro”. Nenhum outro texto reformador, no decorrer dos quatro últimos séculos teve uma ressonância tão grande entre seus contemporâneos como a Fama Fraternitatis da Venerável Ordem dos Rosa-Cruzes, dirigida a todos os sábios e soberanos da Europa. Quase oito anos depois, cerca de trezentos escritos foram impressos, combatendo ou aceitando o fenômeno “Rosa-Cruz” da parte de círculos muito diferentes entre si. Teólogos de todo tipo de obediência religiosa, médicos da velha escola de Galeno e da nova escola de Paracelso, os discípulos mais conservadores de Aristóteles e dos adeptos da filosofia hermética, alquimistas, astrólogos, juristas, escritores políticos e literários, todos tomaram da palavra apaixonadamente para atacar ou defender a invisível Fraternidade e suas idéias de regeneração de todos os valores e de todos os princípios da religião, da sociedade e da ciência. E isto não somente na Alemanha, mas também na Inglaterra, na Holanda, na França, na Itália, na Boêmia e na Suécia. Logo toda a Europa se encontrou envolvida no debate sobre os rosa-cruzes. Em seu primeiro manifesto, o que se considerava como ideológico tornou-se evidente para a cultura européia: a tolerância em matéria de religião, por exemplo, a fé no progresso, o fato de compreender que a experiência tem mais valor que a autoridade e a especulação, a busca de um equilíbrio entre o pensamento e a ação em todos os aspectos da vida.
Pergunta: Graças à nova cátedra de Ciência Hermética de Amsterdã, o senhor espera que apareçam outros pontos de vista na ciência e em outros setores, no que diz respeito ao pensamento rosa-cruz?
Resposta: A cátedra de Filosofia Hermética da Universidade de Amsterdã corresponde à realização final de um desejo muito antigo. Ninguém menos do que Marcílio Ficino ocupou a primeira cátedra de hermetismo na Europa. A irradiação desta cátedra foi tão extraordinária que Theodor Zwingler, de Basiléia, um dos maiores eruditos do século XVI escreveu: “Percebe-se o quanto nossa ‘Republica Literaria’ deve à Academia platônica de Florença e a seu criador, Cosme de Médicis, pelo fato de que em nosso tempo, quando a mais grosseira barbárie penetrou e manchou toda a ciência, o latim e o grego estão revivendo, e que a Academia de Florença é a primeira a instaurar o estudo de uma filosofia mais pura, trazida das fontes platônicas e herméticas. Graças aos membros desta academia, podemos agora praticar a filosofia com liberdade e elegância”. Nas universidades do século XVI e XVII, onde a doutrina de Aristóteles ainda dominava, esta influência foi pouco sentida. Por isso, as ciências herméticas foram constrangidas a levar uma existência obscura, à parte. O fato de terem criado uma nova cátedra de Hermetismo exatamente em Amsterdã não surpreende quem conhece bem a história desta cidade. No século XVII não havia universidade em Amsterdã, mas havia um editor muito “engajado” que editou não somente o Corpus Hermeticum na tradução de A. W. Beyerland, mas também as obras de Jacob Boehme, Comenius, Breckling e outros teósofos, místicos, milenaristas e outros sábios em ciências herméticas e buscadores de Deus. E no que diz respeito aos rosa-cruzes, foi em 1615 que a Fama Fraternitatis foi impressa em Amsterdã. De toda a Europa, os partidários da Rosa-Cruz vinham até Amsterdã. Portanto, não é surpresa para ninguém que as quatro grandes coleções existentes de textos rosa-cruzes (em Gotta, Hall Breslau e Wolfenbuttel) venham de Amsterdã. Em minha opinião, é principalmente na cabeça daqueles que não enxergam o lugar verdadeiro dos antigos hermetistas e “filósofos da natureza” – os pesquisadores científicos da época, com seu entusiasmo e dedicação – que existe um conflito entre as ciências herméticas e as demais ciências. Mas um conflito como este jamais existiu para aqueles que conhecem os ensaios matemáticos e físicos do autor da Fama Fraternitatis ou as atividades alquímicas de Newton.
Pergunta: Este aspecto aparecerá claramente na bibliografia que a Bibliotheca Philosophica Hermetica está para publicar?
Resposta: A bibliografia sobre os rosacruzes, de 1604-1800, contém aproximadamente 1500 edições, manuscritos e documentos de arquivos classificados por ordem cronológica e acompanhados de comentários. O critério reservado a um texto como este é a menção expressa da palavra “Rosa-cruz” pelos partidários ou adversários. Todos os textos são apreciados da mesma maneira, tanto os que tratam de teologia, como os que tratam de medicina, alquimia, astrologia, política ou de outra coisa qualquer.
Esta enorme coleção de textos vai-nos mostrar também, assim esperamos, como é complexa a história da ciência; como as opiniões sobre o progresso das ciências estão sempre se modificando, e como o papel de partidário ou adversário pode ser desempenhado pela mesma pessoa, alternadamente. Graças à intervenção dos rosa-cruzes e das correntes que deles provieram, nós adquirimos uma compreensão muito profunda sobre a vida cultural e religiosa de um período bastante agitado da Europa.
Pergunta: Quais são os movimentos rosa-cruzes de hoje que, segundo o senhor, estão mais de acordo com as fontes e com a mensagem dos manifestos? Até que ponto eles seguem a tradição, adaptada à nossa época?
Resposta: Como toda corrente histórica, a Rosa-Cruz também sofreu algumas transformações. Os autores dos manifestos e seus amigos também foram, naturalmente, filhos de seu tempo. Seus críticos se voltavam para a dogmática que estava em vigor nas doutrinas religiosas e teorias científicas que não eram baseadas em experiências espirituais pessoais ou sobre investigações científicas. A Fama Fraternitatis evocava essencialmente a necessidade do equilíbrio entre fé e vida, conhecimento e experiência, teoria e prática. É por isso que o autor se inspira na filosofia hermética, na mística da Idade Média, na alquimia e até mesmo na magia que ressalta a interação direta entre o homem como microcosmo e o macrocosmo. Os irmãos da Cruz Áurea, que se reagruparam na Itália por volta de 1675 (os “Áureos e Rosa-Cruzes” como se auto-denominaram depois de 1710, na Alemanha) encarregaram-se da mensagem, mas esqueceram-se dos manifestos originais. Quando eles editaram a Fama Fraternitatis em sua revista de 1783, este texto tinha se tornado tão desconhecido que inúmeros associados acreditaram que se tratasse da criação de uma nova sociedade secreta e se inscreveram como sócios. Mas, felizmente, havia também adeptos e simpatizantes da Rosa-Cruz que ainda conheciam as origens da Ordem. Um deles foi o compilador e editor de “Os Símbolos Secretos dos Rosa-Cruzes”. Eles não estavam inteiramente satisfeitos com os textos da Cruz Áurea e traduziram em sua língua não somente a Fama Fraternitatis, mas também textos de Paracelso, de Arndt, de Weigel e de Jacob Boehme. Nesta situação, surgiu uma transformação quando os manifestos originais foram editados em inglês pela “Societas Rosacruciana”, em 1887. Seguiu-se uma série ininterrupta de edições em todas as línguas possíveis.
Desde 1900, foram impressas 50 edições da Fama Fraternitatis e da Confessio Fraternitatis e cerca de uma vintena das Núpcias Alquímicas de Christian Rosenkreuz.
Quanto à questão de saber qual organização atual que leva o nome “Rosa-Cruz” seria a mais próxima da fonte, eu prefiro não me pronunciar. Como historiador, minha tarefa é somente encontrar as fontes, ordená-las historicamente e despojá-las da pátina ocultista e não histórica com que o mito rosa-cruz foi revestido, principalmente nos séculos XVII e XVIII. Deste ponto de vista, as organizações que seguiram através dos tempos os ideais de Tobias Hess, de J. V. Andreae, de J. Arndt, de Jacob Boehme e de seus amigos são as mais próximas do rosacrucianismo clássico.
Pergunta: Para os autores dos manifestos tratava-se apenas de uma reforma, ou também de uma transformação do homem em si?
Resposta: Para os autores – ou seja, Andreae, Tobias Hess e seus amigos do círculo de Tübingen – tratava-se das duas coisas. A “Reforma” do mundo exterior à qual eles aspiravam somente seria possível se o homem se transformasse interiormente. Andreae esboça magnificamente esta transformação interior nas Núpcias Alquímicas de C.R.C. antes mesmo de escrever a Fama e a Confessio Fraternitatis. Esta “Reforma geral do mundo” não era, entretanto, de ordem política, como sugeriram, aos brados, algumas publicações subversivas durante a Guerra dos Trinta Anos. Tratava-se, na verdade, de uma “reforma” do espírito, que Tobias Hess já havia declarado em 1605 em uma carta dirigida ao duque de Wurtemberg.
Pergunta: Como os manifestos puderam ser editados sem que os autores o quisessem ou soubessem?
Resposta: Parece que, para começar, Tobias Hess e seus amigos quiseram enviar aos sábios da Europa a Fama Fraternitatis traduzida em cinco línguas, com a Confessio em latim. Mas, antes mesmo de começar as traduções, antes do momento julgado favorável para sua publicação, eles tiveram de perceber que já circulavam inúmeras cópias, recopiadas precisamente por um dos que a Fama qualifica de pseudo-alquimista. Portanto, o elemento surpresa sobre o qual contavam os autores dos manifestos desapareceu com a resposta impressa de Adam Halsmayr, em 1612. Foi necessário, então, levar em consideração uma edição ilegal da Fama. Em março de 1614, ela surgiu também em Kassel.
Por que Tobias Hess e seus amigos não impediram este processo previsível editando os manifestos na hora certa? Isto continua sem resposta, pois ainda faltam fontes de informação. Entretanto, ficou estabelecido que quem deu a ordem para lançar a primeira edição da Fama e da Confessio, o landgrave Wilhem de Hesse e o impressor da corte, Wilhem Wessel, não tinham a menor idéia da origem dos manifestos.
Pergunta: Quais são os indícios que lhe permitem dizer que deve ter havido outros manuscritos antes da impressão do primeiro livro? Como o senhor descobriu que eles existiam e onde o senhor os encontrou?
Resposta: Os quatro manuscritos da Fama que foram encontrados não eram realmente desconhecidos no momento em que iniciei minhas pesquisas. Um se encontrava desde 1903 no catálogo dos manuscritos da biblioteca do duque Augusto, em Wolfenbutel; outros dois eram mencionados no catálogo de 1962 da Welcome Library de Londres. Mas, tal como fora o caso com inúmeros textos de Adam Halsmayr, nenhum pesquisador havia se dado ao trabalho de pesquisar esses manuscritos. O manuscrito de Salzburgo, que fazia parte dos bens de Christoph Besold, um amigo de Andreae, já havia sido examinado em 1929, em Breslau, por Will Erick Peuckert, o grande historiador dos rosa-cruzes. Na ocasião, ele o considerou “sem valor”. Trata-se aqui do único manuscrito da Fama em que aparecem todas as passagens suprimidas em outros manuscritos e sobretudo nas edições impressas.
Pergunta: Andreae ou algum de seus amigos haviam indicado, alguma vez, que estes manuscritos existiam?
Resposta: Andreae e seus amigos acabavam de saber que devia haver cópias ilegais da Fama em 1612, quando surgiu a “Resposta à Fraternidade dos teósofos da Rosa-Cruz” de Adam Halsmayr e, mais tarde, desde o final de junho do mesmo ano, quando o príncipe Augusto de Angalt, precisamente junto com Tobias Hess, procurou se informar a respeito do assunto da Confessio Fraternitatis. Certamente Andreae tinha ouvido falar, por Benedictus Figulus, sobre as transcrições que circulavam em Kassel, Marburg e Estrasburgo. É somente assim que se pode explicar porque Andreae se irritou tanto sobre o “globe-trotter Figulus”, mesmo trinta anos mais tarde, em sua biografia! Se entretanto tudo tivesse se passado como Andreae queria, é bem provável que os manifestos jamais tivessem sido editados. Devemos agradecer a Adam Halsmayr e a Benedictus Figulus por fazerem um uso amplo de suas cópias imperfeitas.
Pergunta: Por que é importante que o texto original da Fama seja editado? Já existe uma versão impressa de J. V. Andreae?
Resposta: Dos quatro documentos impressos, não há um sequer que não apresente alguma omissão. Umas oito páginas estão faltando, infelizmente. Em todos os manuscritos faltam as mesmas páginas que faltam na primeira edição de Kassel. Sem variante na língua, eles remetem a uma única cópia que, certamente, foi feita às pressas e estava prematuramente em circulação fora do círculo de Tübingen. Com a recente edição da Fama Fraternitatis, de Pleu van der Kooij, agora já temos um texto que é completo e de onde desapareceram as inúmeras variações e erros de leitura. Este texto é autêntico, pelo menos enquanto não for encontrado nenhum outro manuscrito do círculo de Tübingen. Faltam somente as oito páginas. Mas o que foi descoberto pela Bibliotheca Philosophica Hermetica no setor de pesquisa sobre a Rosa-Cruz dá esperança para novas pesquisas.
Pergunta: Como o senhor explica o enorme interesse que os manifestos provocam desde 1900?
Resposta: O século XVIII, o “século das luzes”, oferece inúmeros aspectos, entre os quais um aspecto rosa-cruz. Os princípios das “luzes” tiveram origem, sem dúvida, em Andreae, Arndt, Comenius, Breckling e Gottfried Arnold. Não nos referimos tanto ao livro conhecido de Frances Yates [“O Iluminismo Rosa-Cruz”]. O século XIX, apesar de inventivo, permaneceu estreito no plano filosófico. A ciência estava voltada exclusivamente para a técnica; e as religiões mostravam-se racionais. A religião parecia envelhecida. É por esta razão, sem dúvida, que inúmeros pesquisadores voltaram-se para o pensamento oriental, enquanto outros “redescobriram” e perpetuaram, na verdade pela mesma razão, a longa tradição do hermetismo europeu. Nesta tradição, a Rosa-Cruz desempenhou um papel extraordinário. De fato, nos manifestos, todos os aspectos que no decorrer dos séculos foram taxados de heréticos e combatidos como tais (aspectos herméticos, gnósticos, místicos ou alquímicos) se reuniram.
Pergunta: De onde provém seu interesse pela Rosa-Cruz? O senhor tornou-se o maior especialista da história Rosa-Cruz (pois todos conhecem este traço do fundador da Bibliotheca Philosophica Hermetica). O que levou o senhor a empreender esta imensa pesquisa?
Resposta: Sou espanhol e há muito tempo fui morar na Suíça. Na Basiléia estudei a história dos dissidentes religiosos da Espanha do século XVI que moravam no exterior. Em seguida, estudei os livros de autores espanhóis publicados fora da Península Ibérica. Percebendo que os dissidentes espanhóis mais importantes, depois de sua separação da igreja romana, entraram muito rapidamente em conflito com as igrejas reformadas e foram tratados como heréticos, comecei a me interessar por todos os outros “heréticos” do período da Reforma. E principalmente Paracelso, cujas obras foram impressas por este editor que tinha editado não somente os livros de alquimia da Espanha, mas também uma grande quantidade de livros de Sebastian Castellio, o grande defensor da tolerância religiosa. Foi assim que encontrei as obras de Theodor Zwingler e Johannes Arndt, que faziam a ligação entre Castellio e Paracelso, e que também influenciaram J. V. Andreae – e, portanto, os rosa-cruzes. No círculo de amigos de Andreae, encontrei também o prolongamento das idéias que me interessavam e sobre as quais pouco ainda se havia escrito. Foi assim que foi-se abrindo o caminho para o estudo da Rosa-Cruz.
A ocasião direta foi, entretanto, a tarefa de recensear a edição italiana de “O Iluminismo Rosa-Cruz”, este belo livro de Frances Yates, sugestivo mas discutível sob o ponto de vista histórico. Deste recenseamento nada surgiu, pois ele foi-se tornando tão volumoso que, no final, poderia ter surgido uma nova história dos rosa-cruzes. Compreendi que um projeto como este somente poderia ser concretizado através de uma pesquisa aprofundada em inúmeros arquivos e bibliotecas. Provisoriamente, eu me contentei em dar uma conferência na Associação Histórica da Basiléia, sob o título “Os rosa-cruzes, fracasso de uma reforma no século XVII”. Foi assim que entrei em contato pela primeira vez com Joost Ritman. Ele pediu que eu me tornasse bibliotecário da Bibliotheca Philosophica Hermetica. O resto, todos conhecem. Depois de ter trabalhado sem parar nesta biblioteca, nesta coleção única de edições e manuscritos dos rosa-cruzes do século XVII, coloquei em microfilmes, em mais de 120 bibliotecas, cerca de 1800 obras e documentos relacionados com os rosa-cruzes dos séculos XVII e XVIII. Este material está descrito e comentado na bibliografia sobre a qual já falei. Ela logo será apresentada, primeiro sob a forma de livro, depois com documentos, na Internet. Nesta bibliografia está expressa, em toda a sua amplitude, a história dos rosa-cruzes e dos movimentos que suscitaram suas idéias. Como já disse, ela nos oferece uma imagem muito detalhada da vida cultural e religiosa de um período conturbado da história européia. A aspiração à perfeição e à harmonia entre o homem, o cosmos e a natureza – assunto que é tratado expressamente nos manifestos rosa-cruzes – mostra-se tão atual que pode inspirar, hoje, os pensamentos de muitos homens.
Pergunta: Professor Gilly, baseando-se nos fatos que o senhor coletou, o senhor poderia demonstrar que a riqueza das idéias rosa-cruzes teve uma influência positiva sobre o desenvolvimento da Europa?
Resposta: O primeiro manifesto rosa-cruz surgiu na Alemanha, em 1614. Seu título era: Fama Fraternitatis. Sob o título, podia-se ler: “Reforma geral e universal do mundo inteiro”. Nenhum outro texto reformador, no decorrer dos quatro últimos séculos teve uma ressonância tão grande entre seus contemporâneos como a Fama Fraternitatis da Venerável Ordem dos Rosa-Cruzes, dirigida a todos os sábios e soberanos da Europa. Quase oito anos depois, cerca de trezentos escritos foram impressos, combatendo ou aceitando o fenômeno “Rosa-Cruz” da parte de círculos muito diferentes entre si. Teólogos de todo tipo de obediência religiosa, médicos da velha escola de Galeno e da nova escola de Paracelso, os discípulos mais conservadores de Aristóteles e dos adeptos da filosofia hermética, alquimistas, astrólogos, juristas, escritores políticos e literários, todos tomaram da palavra apaixonadamente para atacar ou defender a invisível Fraternidade e suas idéias de regeneração de todos os valores e de todos os princípios da religião, da sociedade e da ciência. E isto não somente na Alemanha, mas também na Inglaterra, na Holanda, na França, na Itália, na Boêmia e na Suécia. Logo toda a Europa se encontrou envolvida no debate sobre os rosa-cruzes. Em seu primeiro manifesto, o que se considerava como ideológico tornou-se evidente para a cultura européia: a tolerância em matéria de religião, por exemplo, a fé no progresso, o fato de compreender que a experiência tem mais valor que a autoridade e a especulação, a busca de um equilíbrio entre o pensamento e a ação em todos os aspectos da vida.
Pergunta: Graças à nova cátedra de Ciência Hermética de Amsterdã, o senhor espera que apareçam outros pontos de vista na ciência e em outros setores, no que diz respeito ao pensamento rosa-cruz?
Resposta: A cátedra de Filosofia Hermética da Universidade de Amsterdã corresponde à realização final de um desejo muito antigo. Ninguém menos do que Marcílio Ficino ocupou a primeira cátedra de hermetismo na Europa. A irradiação desta cátedra foi tão extraordinária que Theodor Zwingler, de Basiléia, um dos maiores eruditos do século XVI escreveu: “Percebe-se o quanto nossa ‘Republica Literaria’ deve à Academia platônica de Florença e a seu criador, Cosme de Médicis, pelo fato de que em nosso tempo, quando a mais grosseira barbárie penetrou e manchou toda a ciência, o latim e o grego estão revivendo, e que a Academia de Florença é a primeira a instaurar o estudo de uma filosofia mais pura, trazida das fontes platônicas e herméticas. Graças aos membros desta academia, podemos agora praticar a filosofia com liberdade e elegância”. Nas universidades do século XVI e XVII, onde a doutrina de Aristóteles ainda dominava, esta influência foi pouco sentida. Por isso, as ciências herméticas foram constrangidas a levar uma existência obscura, à parte. O fato de terem criado uma nova cátedra de Hermetismo exatamente em Amsterdã não surpreende quem conhece bem a história desta cidade. No século XVII não havia universidade em Amsterdã, mas havia um editor muito “engajado” que editou não somente o Corpus Hermeticum na tradução de A. W. Beyerland, mas também as obras de Jacob Boehme, Comenius, Breckling e outros teósofos, místicos, milenaristas e outros sábios em ciências herméticas e buscadores de Deus. E no que diz respeito aos rosa-cruzes, foi em 1615 que a Fama Fraternitatis foi impressa em Amsterdã. De toda a Europa, os partidários da Rosa-Cruz vinham até Amsterdã. Portanto, não é surpresa para ninguém que as quatro grandes coleções existentes de textos rosa-cruzes (em Gotta, Hall Breslau e Wolfenbuttel) venham de Amsterdã. Em minha opinião, é principalmente na cabeça daqueles que não enxergam o lugar verdadeiro dos antigos hermetistas e “filósofos da natureza” – os pesquisadores científicos da época, com seu entusiasmo e dedicação – que existe um conflito entre as ciências herméticas e as demais ciências. Mas um conflito como este jamais existiu para aqueles que conhecem os ensaios matemáticos e físicos do autor da Fama Fraternitatis ou as atividades alquímicas de Newton.
Pergunta: Este aspecto aparecerá claramente na bibliografia que a Bibliotheca Philosophica Hermetica está para publicar?
Resposta: A bibliografia sobre os rosacruzes, de 1604-1800, contém aproximadamente 1500 edições, manuscritos e documentos de arquivos classificados por ordem cronológica e acompanhados de comentários. O critério reservado a um texto como este é a menção expressa da palavra “Rosa-cruz” pelos partidários ou adversários. Todos os textos são apreciados da mesma maneira, tanto os que tratam de teologia, como os que tratam de medicina, alquimia, astrologia, política ou de outra coisa qualquer.
Esta enorme coleção de textos vai-nos mostrar também, assim esperamos, como é complexa a história da ciência; como as opiniões sobre o progresso das ciências estão sempre se modificando, e como o papel de partidário ou adversário pode ser desempenhado pela mesma pessoa, alternadamente. Graças à intervenção dos rosa-cruzes e das correntes que deles provieram, nós adquirimos uma compreensão muito profunda sobre a vida cultural e religiosa de um período bastante agitado da Europa.
Pergunta: Quais são os movimentos rosa-cruzes de hoje que, segundo o senhor, estão mais de acordo com as fontes e com a mensagem dos manifestos? Até que ponto eles seguem a tradição, adaptada à nossa época?
Resposta: Como toda corrente histórica, a Rosa-Cruz também sofreu algumas transformações. Os autores dos manifestos e seus amigos também foram, naturalmente, filhos de seu tempo. Seus críticos se voltavam para a dogmática que estava em vigor nas doutrinas religiosas e teorias científicas que não eram baseadas em experiências espirituais pessoais ou sobre investigações científicas. A Fama Fraternitatis evocava essencialmente a necessidade do equilíbrio entre fé e vida, conhecimento e experiência, teoria e prática. É por isso que o autor se inspira na filosofia hermética, na mística da Idade Média, na alquimia e até mesmo na magia que ressalta a interação direta entre o homem como microcosmo e o macrocosmo. Os irmãos da Cruz Áurea, que se reagruparam na Itália por volta de 1675 (os “Áureos e Rosa-Cruzes” como se auto-denominaram depois de 1710, na Alemanha) encarregaram-se da mensagem, mas esqueceram-se dos manifestos originais. Quando eles editaram a Fama Fraternitatis em sua revista de 1783, este texto tinha se tornado tão desconhecido que inúmeros associados acreditaram que se tratasse da criação de uma nova sociedade secreta e se inscreveram como sócios. Mas, felizmente, havia também adeptos e simpatizantes da Rosa-Cruz que ainda conheciam as origens da Ordem. Um deles foi o compilador e editor de “Os Símbolos Secretos dos Rosa-Cruzes”. Eles não estavam inteiramente satisfeitos com os textos da Cruz Áurea e traduziram em sua língua não somente a Fama Fraternitatis, mas também textos de Paracelso, de Arndt, de Weigel e de Jacob Boehme. Nesta situação, surgiu uma transformação quando os manifestos originais foram editados em inglês pela “Societas Rosacruciana”, em 1887. Seguiu-se uma série ininterrupta de edições em todas as línguas possíveis.
Desde 1900, foram impressas 50 edições da Fama Fraternitatis e da Confessio Fraternitatis e cerca de uma vintena das Núpcias Alquímicas de Christian Rosenkreuz.
Quanto à questão de saber qual organização atual que leva o nome “Rosa-Cruz” seria a mais próxima da fonte, eu prefiro não me pronunciar. Como historiador, minha tarefa é somente encontrar as fontes, ordená-las historicamente e despojá-las da pátina ocultista e não histórica com que o mito rosa-cruz foi revestido, principalmente nos séculos XVII e XVIII. Deste ponto de vista, as organizações que seguiram através dos tempos os ideais de Tobias Hess, de J. V. Andreae, de J. Arndt, de Jacob Boehme e de seus amigos são as mais próximas do rosacrucianismo clássico.
Pergunta: Para os autores dos manifestos tratava-se apenas de uma reforma, ou também de uma transformação do homem em si?
Resposta: Para os autores – ou seja, Andreae, Tobias Hess e seus amigos do círculo de Tübingen – tratava-se das duas coisas. A “Reforma” do mundo exterior à qual eles aspiravam somente seria possível se o homem se transformasse interiormente. Andreae esboça magnificamente esta transformação interior nas Núpcias Alquímicas de C.R.C. antes mesmo de escrever a Fama e a Confessio Fraternitatis. Esta “Reforma geral do mundo” não era, entretanto, de ordem política, como sugeriram, aos brados, algumas publicações subversivas durante a Guerra dos Trinta Anos. Tratava-se, na verdade, de uma “reforma” do espírito, que Tobias Hess já havia declarado em 1605 em uma carta dirigida ao duque de Wurtemberg.
Pergunta: Como os manifestos puderam ser editados sem que os autores o quisessem ou soubessem?
Resposta: Parece que, para começar, Tobias Hess e seus amigos quiseram enviar aos sábios da Europa a Fama Fraternitatis traduzida em cinco línguas, com a Confessio em latim. Mas, antes mesmo de começar as traduções, antes do momento julgado favorável para sua publicação, eles tiveram de perceber que já circulavam inúmeras cópias, recopiadas precisamente por um dos que a Fama qualifica de pseudo-alquimista. Portanto, o elemento surpresa sobre o qual contavam os autores dos manifestos desapareceu com a resposta impressa de Adam Halsmayr, em 1612. Foi necessário, então, levar em consideração uma edição ilegal da Fama. Em março de 1614, ela surgiu também em Kassel.
Por que Tobias Hess e seus amigos não impediram este processo previsível editando os manifestos na hora certa? Isto continua sem resposta, pois ainda faltam fontes de informação. Entretanto, ficou estabelecido que quem deu a ordem para lançar a primeira edição da Fama e da Confessio, o landgrave Wilhem de Hesse e o impressor da corte, Wilhem Wessel, não tinham a menor idéia da origem dos manifestos.
Pergunta: Quais são os indícios que lhe permitem dizer que deve ter havido outros manuscritos antes da impressão do primeiro livro? Como o senhor descobriu que eles existiam e onde o senhor os encontrou?
Resposta: Os quatro manuscritos da Fama que foram encontrados não eram realmente desconhecidos no momento em que iniciei minhas pesquisas. Um se encontrava desde 1903 no catálogo dos manuscritos da biblioteca do duque Augusto, em Wolfenbutel; outros dois eram mencionados no catálogo de 1962 da Welcome Library de Londres. Mas, tal como fora o caso com inúmeros textos de Adam Halsmayr, nenhum pesquisador havia se dado ao trabalho de pesquisar esses manuscritos. O manuscrito de Salzburgo, que fazia parte dos bens de Christoph Besold, um amigo de Andreae, já havia sido examinado em 1929, em Breslau, por Will Erick Peuckert, o grande historiador dos rosa-cruzes. Na ocasião, ele o considerou “sem valor”. Trata-se aqui do único manuscrito da Fama em que aparecem todas as passagens suprimidas em outros manuscritos e sobretudo nas edições impressas.
Pergunta: Andreae ou algum de seus amigos haviam indicado, alguma vez, que estes manuscritos existiam?
Resposta: Andreae e seus amigos acabavam de saber que devia haver cópias ilegais da Fama em 1612, quando surgiu a “Resposta à Fraternidade dos teósofos da Rosa-Cruz” de Adam Halsmayr e, mais tarde, desde o final de junho do mesmo ano, quando o príncipe Augusto de Angalt, precisamente junto com Tobias Hess, procurou se informar a respeito do assunto da Confessio Fraternitatis. Certamente Andreae tinha ouvido falar, por Benedictus Figulus, sobre as transcrições que circulavam em Kassel, Marburg e Estrasburgo. É somente assim que se pode explicar porque Andreae se irritou tanto sobre o “globe-trotter Figulus”, mesmo trinta anos mais tarde, em sua biografia! Se entretanto tudo tivesse se passado como Andreae queria, é bem provável que os manifestos jamais tivessem sido editados. Devemos agradecer a Adam Halsmayr e a Benedictus Figulus por fazerem um uso amplo de suas cópias imperfeitas.
Pergunta: Por que é importante que o texto original da Fama seja editado? Já existe uma versão impressa de J. V. Andreae?
Resposta: Dos quatro documentos impressos, não há um sequer que não apresente alguma omissão. Umas oito páginas estão faltando, infelizmente. Em todos os manuscritos faltam as mesmas páginas que faltam na primeira edição de Kassel. Sem variante na língua, eles remetem a uma única cópia que, certamente, foi feita às pressas e estava prematuramente em circulação fora do círculo de Tübingen. Com a recente edição da Fama Fraternitatis, de Pleu van der Kooij, agora já temos um texto que é completo e de onde desapareceram as inúmeras variações e erros de leitura. Este texto é autêntico, pelo menos enquanto não for encontrado nenhum outro manuscrito do círculo de Tübingen. Faltam somente as oito páginas. Mas o que foi descoberto pela Bibliotheca Philosophica Hermetica no setor de pesquisa sobre a Rosa-Cruz dá esperança para novas pesquisas.
Pergunta: Como o senhor explica o enorme interesse que os manifestos provocam desde 1900?
Resposta: O século XVIII, o “século das luzes”, oferece inúmeros aspectos, entre os quais um aspecto rosa-cruz. Os princípios das “luzes” tiveram origem, sem dúvida, em Andreae, Arndt, Comenius, Breckling e Gottfried Arnold. Não nos referimos tanto ao livro conhecido de Frances Yates [“O Iluminismo Rosa-Cruz”]. O século XIX, apesar de inventivo, permaneceu estreito no plano filosófico. A ciência estava voltada exclusivamente para a técnica; e as religiões mostravam-se racionais. A religião parecia envelhecida. É por esta razão, sem dúvida, que inúmeros pesquisadores voltaram-se para o pensamento oriental, enquanto outros “redescobriram” e perpetuaram, na verdade pela mesma razão, a longa tradição do hermetismo europeu. Nesta tradição, a Rosa-Cruz desempenhou um papel extraordinário. De fato, nos manifestos, todos os aspectos que no decorrer dos séculos foram taxados de heréticos e combatidos como tais (aspectos herméticos, gnósticos, místicos ou alquímicos) se reuniram.
Pergunta: De onde provém seu interesse pela Rosa-Cruz? O senhor tornou-se o maior especialista da história Rosa-Cruz (pois todos conhecem este traço do fundador da Bibliotheca Philosophica Hermetica). O que levou o senhor a empreender esta imensa pesquisa?
Resposta: Sou espanhol e há muito tempo fui morar na Suíça. Na Basiléia estudei a história dos dissidentes religiosos da Espanha do século XVI que moravam no exterior. Em seguida, estudei os livros de autores espanhóis publicados fora da Península Ibérica. Percebendo que os dissidentes espanhóis mais importantes, depois de sua separação da igreja romana, entraram muito rapidamente em conflito com as igrejas reformadas e foram tratados como heréticos, comecei a me interessar por todos os outros “heréticos” do período da Reforma. E principalmente Paracelso, cujas obras foram impressas por este editor que tinha editado não somente os livros de alquimia da Espanha, mas também uma grande quantidade de livros de Sebastian Castellio, o grande defensor da tolerância religiosa. Foi assim que encontrei as obras de Theodor Zwingler e Johannes Arndt, que faziam a ligação entre Castellio e Paracelso, e que também influenciaram J. V. Andreae – e, portanto, os rosa-cruzes. No círculo de amigos de Andreae, encontrei também o prolongamento das idéias que me interessavam e sobre as quais pouco ainda se havia escrito. Foi assim que foi-se abrindo o caminho para o estudo da Rosa-Cruz.
A ocasião direta foi, entretanto, a tarefa de recensear a edição italiana de “O Iluminismo Rosa-Cruz”, este belo livro de Frances Yates, sugestivo mas discutível sob o ponto de vista histórico. Deste recenseamento nada surgiu, pois ele foi-se tornando tão volumoso que, no final, poderia ter surgido uma nova história dos rosa-cruzes. Compreendi que um projeto como este somente poderia ser concretizado através de uma pesquisa aprofundada em inúmeros arquivos e bibliotecas. Provisoriamente, eu me contentei em dar uma conferência na Associação Histórica da Basiléia, sob o título “Os rosa-cruzes, fracasso de uma reforma no século XVII”. Foi assim que entrei em contato pela primeira vez com Joost Ritman. Ele pediu que eu me tornasse bibliotecário da Bibliotheca Philosophica Hermetica. O resto, todos conhecem. Depois de ter trabalhado sem parar nesta biblioteca, nesta coleção única de edições e manuscritos dos rosa-cruzes do século XVII, coloquei em microfilmes, em mais de 120 bibliotecas, cerca de 1800 obras e documentos relacionados com os rosa-cruzes dos séculos XVII e XVIII. Este material está descrito e comentado na bibliografia sobre a qual já falei. Ela logo será apresentada, primeiro sob a forma de livro, depois com documentos, na Internet. Nesta bibliografia está expressa, em toda a sua amplitude, a história dos rosa-cruzes e dos movimentos que suscitaram suas idéias. Como já disse, ela nos oferece uma imagem muito detalhada da vida cultural e religiosa de um período conturbado da história européia. A aspiração à perfeição e à harmonia entre o homem, o cosmos e a natureza – assunto que é tratado expressamente nos manifestos rosa-cruzes – mostra-se tão atual que pode inspirar, hoje, os pensamentos de muitos homens.
(Esta entrevista foi publicada na revista 'Pentagrama', ano 21, nº. 2.)
18 de dez. de 2009
DICA MUSICAL UNIVERSALISTA | ADESTE FIDELIS
Em homenagem a comemoração do Natal e do nascimento de Nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo, ouçam esta linda canção!
Jesus nos abençoem!
Jesus nos abençoem!
14 de dez. de 2009
SOBRE A APOMETRIA
Na medida em que a humanidade evolui, os véus do desconhecido vão se descortinando e o conhecimento das leis espirituais, que antes era privilégio de poucos, vai sendo revelado abertamente aos pesquisadores isentos de preconceitos.
A utilização da apometria pode ser considerada como parte da evolução no tratamento espiritual, embora muitos espíritas e espiritualistas ainda não a aceitem ou a utilizem, talvez por falta de uma divulgação adequada e uma maior interação com o assunto.
A apometria é uma técnica que consiste no desdobramento espiritual (emancipação da alma, viagem astral ou projeção da consciência) por intermédio do comando da mente. "Representa o clássico desdobramento entre os componentes materiais somáticos do homem e sua constituição espiritual", de acordo com a definição do livro Apometria- Novos Horizontes da Medicina Espiritual, escrito pelo médico Vitor Ronaldo Costa e publicado pela Casa Editora O Clarim, em 1997.
Esse estado de emancipação da alma dá maior possibilidade ao médium de executar as tarefas assistenciais no plano espiritual, por poder expandir, dessa maneira, sua capacidade sensitiva, além de permitir que esteja no mesmo plano de atuação do desencarnado. Ao mesmo tempo, o paciente, que também fica em estado de emancipação, facilita seu atendimento. Isso ocorre porque no plano astral o campo energético, assim como os desequilíbrios, podem ser observados de uma forma mais ampla pela equipe tanto de trabalhadores encarnados como pelos espíritos benfeitores.
Porém, os estudiosos sérios alertam que não se trata de mediunismo e que deve ser utilizada por pessoas habilitadas, capazes e envolvidas em bons propósitos. "Tenhamos sempre em mente que a apometria é apenas um instrumento auxiliar de manuseio anímico-mediúnico, aplicado com a finalidade de facilitar o acesso do médium à intimidade energética do indivíduo enfermo", relata o médico e autor Vitor Ronaldo. Ele complementa dizendo que a técnica da apometria, quando bem aplicada e sob a cobertura dos bons espíritos, realmente se destaca no diagnóstico de certeza e na condução da terapêutica mais indicada.
A descoberta
Implantada pelo farmacêutico-bioquímico porto-riquenho dr. Luiz Rodrigues, recebeu primeiramente o nome de hipnometria, mas foi fundamentada e desenvolvida cientificamente pelo médico gaúcho dr.José Lacerda de Azevedo.
Dr. Lacerda nasceu em 12 de junho de 1919, em Porto Alegre. Cursou o Instituto de Belas Artes e depois se formou em medicina pela Universidade do Rio Grande de Sul, em 1950. Antes mesmo de tornar-se doutor, em 1947, casou-se com Yolanda da Cunha Lacerda, uma prima que só veio a conhecer na idade adulta e que se tornou mais tarde sua grande companheira de ideais. Cientista e pesquisador nato, dr. Lacerda sempre buscou respostas para o desconhecido e foi esse desafio que o impulsionou a fundamentar cientificamente a apometria.
Tudo começou no ano de 1965, quando o pesquisador dr. Luiz Rodrigues visitou o Hospital Espírita de Porto Alegre, local onde o dr. Lacerda participava de trabalhos de atendimento socorrista. O médico assistiu duas dessas sessões e ficou impressionado com as demonstrações de hipnometria apresentadas pelo farmacêutico, que não se considerava espírita. Desde então, iniciou sérias investigações sobre o assunto. Resolveu fazer experiências e escolheu sua esposa, Yolanda, para dar início às investigações. Para tanto, cumpriu a metodologia preconizada pelo pesquisador porto-riquenho. Logo constatou a eficiência da técnica, embora tenha preferido adotar a expressão grega Apometria. "APÓ" significa "além de" e "METRON" se refere à "medida" por julgar mais apropriado ao invés de Hipnometria, já que não havia a presença de sono durante a aplicação da técnica.
Esse foi o ponto de partida para que o médico passasse a pesquisar o assunto cada vez mais, com o objetivo de socorrer os enfermos e implantar a terapêutica espiritual. Mas os estudos cresceram mesmo quando o dr. Lacerda recebeu um convite do então presidente do Hospital Espírita de Porto Alegre, Conrado Ferrari, para assumir a Divisão de Pesquisas e levar em frente os experimentos apométricos. Para que o grupo pudesse intensificar os experimentos o trabalho foi implantado em uma casa, que inicialmente era designada para abrigar os próprios funcionários do hospital. Pelo fato da casa ser rodeada de flores e vegetação exuberante ficou conhecida como a Casa do Jardim.
Por muitos anos as pesquisas foram crescendo e se aprimorando, mas foi na década de 80 que os trabalhos de apometria se expandiram, principalmente na região sul do país. Em 1990 surgiu a idéia de um encontro de grupos de apometria e, em 1992, o projeto se concretizou. Criou-se a Sociedade Brasileira de Apometria, com o objetivo de promover o intercâmbio entre os grupos e difundir o conhecimento sobre a técnica de Apometria, com o objetivo de promover o intercâmbio entre os grupos e difundir o conhecimento sobre a técnica.
Em decorrência do empenho em expandir o assunto, o médico gaúcho publicou dois livros: Espírito/Matéria - Novos Horizontes para a Medicina e Energia e Espírito. O primeiro está com a edição esgotada.
Dr. Lacerda desencarnou em 1997, porém o resultado de seu trabalho permanece.
A utilização
Por intermédio da projeção do perispírito, o médium pode ver e ouvir os espíritos, até mesmo trabalhar no resgate de espíritos sofredores. De acordo com dr. Lacerda, no atendimento aos enfermos, por meio da projeção, coloca-se o médium em contato com as entidades médicas do plano espiritual. Simultaneamente, o mesmo procedimento é feito com o doente, o que possibilita o atendimento do corpo espiritual do enfermo pelos médicos desencarnados, assistidos pelos médiuns em projeção que relatam os fatos que estão ocorrendo durante o tratamento.
Também pode ser utilizada como técnica eficaz no tratamento das obsessões. Essa eficácia acontece em virtude dos espíritos protetores se encontrarem no mesmo plano dos assistidos, podendo agir com maior profundidade e mais rapidez.
Vale lembrar que a projeção do perispírito, tanto do médium quanto do enfermo é obtida por intermédio do emprego de um determinado número de impulsos magnéticos, semelhantes aos passes. Embora a apometria seja uma técnica bastante simples, sua aplicação exige cuidados especiais, como uma cobertura espiritual de nível elevado. Deve ser realizada por grupos de trabalho constituídos para essa finalidade, com atividades regulares como qualquer outro grupo dedicado aos trabalhos de caridade, além da harmonia entre os componentes da equipe.
A apometria tem sido utilizada por muitos grupos como técnica eficiente em auxiliar nos processos obsessivos, já que em geral, as perturbações espirituais decorrem da ação de obsessores. Os espíritos obsessores – na verdade, espíritos infelizes – são afastados, recolhidos e conduzidos para hospitais espirituais, de acordo com seu padrão vibratório. O estado de emancipação da alma possibilita que os médiuns possam observar melhor as ligações obsessivas, as áreas do organismo perispiritual atingidas, entre outros fatores.
Isso torna o tratamento muito mais completo por possibilitar o atendimento tanto do paciente quanto dos espíritos perturbadores que o acompanham. Na maioria das vezes, o enfermo nada registra, a não ser em casos de pessoas com maior sensibilidade.
Tratamento integral
Chegará um tempo em que a medicina tratará o Homem de forma integral, unindo os tratamentos físico e espiritual realizados por médicos encarnados e desencarnados. Mesmo porque, a maioria das doenças se inicia no perispírito e depois se manifesta no corpo físico.
Segundo relatos de pesquisadores e de grupos que utilizam a metodologia, independente de religião ou credo, sua aplicação adequada poderá cada vez mais ajudar a expandir o campo da medicina integral. E quanto mais conhecida essa técnica, mais auxiliará os espíritas nos trabalhos de desobsessão e atendimentos espirituais. Paralelamente, novos horizontes se abrirão quando a medicina reconhecer a existência do espírito e que uma infinidade de enfermidades que se manifestam na atualidade podem ter sido causadas no corpo perispiritual em existência passada.
Entrevistamos o dr. Vitor Ronaldo Costa, conhecido médico e pesquisador espírita que utiliza a técnica da Apometria no tratamento, identificando as causas mais profundas das doenças.
Como surgiu a idéia de escrever o livro Apometria - Novos Horizontes da Medicina Espiritual?
Vitor Ronaldo Costa – A idéia ganhou força e se corporificou em decorrência de meu desejo de esclarecer especialmente aos espíritas a palpitante temática da apometria. Estabeleci como propósito mostrar aos confrades a excelência de uma técnica relativamente nova em sua aplicação prática, não obstante encontrar-se embasada no velho magnetismo, no sonambulismo, no desdobramento, na clarividência e em outros enfoques do psiquismo experimental abordados por Allan Kardec no capítulo VIII de O Livro dos Espíritos. Além de tudo, animava-me o desejo de compartilhar com os demais espíritas o conhecimento de algo que se me afigurava de grande utilidade quando acoplado aos trabalhos mediúnicos assistenciais.
A obra foi baseada em dados apresentados no X Congresso Espírita Pan-Americano em 1975. Desde essa, época quais avanços foram mais significativos?
Nos idos de 1974, o dr. José Lacerda de Azevedo já colecionava inúmeras observações interessantes a respeito da apometria. Suas anotações avolumaram-se e serviram mais tarde como ponto de partida de uma obra mais expressiva, na qual a apometria seria desvendada sob a ótica médico-espírita. O ano de 1975 foi importante, porquanto no X Congresso Espírita Pan-Americano realizado em Mar Del Plata, Argentina, o dr. Lacerda, pela primeira vez, tornou pública a sua tese: “Ciência da Espiritualidade Aplicada à Medicina”. No conclave, estavam presentes espíritas de quase todos os países das Américas, especialmente, do Brasil. É claro que pela quantidade de informações repassadas por esse ilustre pesquisador, nem todos os que ali se encontravam compreenderam inicialmente a profundidade do tema, a sua possível ligação com a doutrina e a repercussão do assunto no campo da medicina espiritual. Creio que, desde aquela época até o presente momento, o grande avanço ocorrido relaciona-se com aceitação do assunto por um número cada vez mais expressivo de espíritas. A melhor compreensão da técnica, a sua aplicação nas instituições espíritas à luz do Evangelho do Mestre e a grande contribuição que a mesma empresta aos trabalhos desobsessivos refletem, sem dúvida, o grande avanço dos ideais superiores abraçados pelo dr.Lacerda.
Na qualidade de médico, como o senhor vê o uso da apometria nos tratamentos de saúde?
É como se fôssemos participantes ativos de uma nova era, em que a visão verdadeiramente holística da criatura é levada em consideração. Em decorrência da aplicação da técnica, podemos intentar o diagnóstico de certeza das complexas síndromes de ordem espiritual e optar pelo tratamento específico para o caso, com boas chances de se alcançar resultados alentadores. Com o emprego da metodologia apométrica, descortinamos em profundidade as distonias espirituais, enquanto a Medicina se encarrega da terapêutica clássica voltada para o campo físico. Trata-se de oportuna associação, em que os médicos do espaço cuidam dos aspectos espirituais do enfermo e os médicos terrenos se empenham na reestruturação do organismo físico.
Pretende escrever outro livro abordando a mesma temática?
Sem dúvida. A nova obra já se encontra em fase de elaboração. Esperamos conclui-la dentro de mais alguns meses.
Na atualidade, como está a utilização da apometria no Hospital Espírita de Porto Alegre e em outros grupos espíritas?
Em virtude do esforço conjunto de um grupo de trabalhadores mediúnicos da antiga Casa do Jardim, foi implantada em um bairro de Porto Alegre a sede atual Casa do Jardim. Com isso, houve a transferência das atividades mediúnicas caritativas para o novo endereço, de forma que o hospital permaneceu apenas como referência histórica da apometria. Temos notícias de que os grupos de apometria, aos poucos, vão se multiplicando e integrando, de fato, às atividades assistenciais mediúnicas de muitas instituições espíritas em quase todos os estados brasileiros.
O senhor participa de algum grupo de apometria atualmente?
Sim. Desde o início da década de setenta passei a privar da amizade particular do dr. Lacerda e o acompanhei durante muitos anos, aprendendo e praticando a técnica, quando ainda os trabalhos se realizavam na intimidade do Hospital Espírita de Porto Alegre. A propósito, considero tal período um dos mais importantes da minha atual reencarnação, pois, sem dúvida, equivaleu a uma verdadeira pós-graduação em Medicina Espiritual, fato que norteou todo o meu trabalho assistencial mediúnico no âmbito da doutrina que eu professo, - o Espiritismo. Após minha transferência para Brasília, por força de obrigações profissionais, aqui reiniciei as atividades mediúnicas, utilizando-me da citada técnica. Tivemos, então, a oportunidade de preparar novos médiuns, nas diversas instituições espíritas por onde passamos. De alguns anos para cá, atuamos no Sanatório Espírita de Brasília, com o apoio do dirigente, o sr. Lauro Carvalho.
Cite algum exemplo do uso da apometria.
Digamos que o paciente seja portador de sintomas físicos ou desajustes mentais induzidos pela presença de “aparelhos parasitas”. Esses aparelhos são verdadeiros artefatos fluídicos potencialmente desarmonizadores, sofisticados e eficientes em sua ação nociva, são idealizados por inteligências desencarnadas maléficas e inseridos cuidadosamente no corpo astral dos encarnados com a finalidade de desencadear degenerações celulares, síndromes dolorosas e distonias psíquicas. Com o emprego da técnica apométrica, os médiuns em estado de desdobramento localizam tais artefatos fluídicos com certa facilidade e, sob a cobertura dos mentores espirituais, convidam o próprio obsessor a proceder a retirada dos mesmos, aliás, procedimento ético capaz de permitir o primeiro passo da “entidade” no sentido da própria recuperação espiritual. Como dizíamos, essas síndromes são graves e tendentes a cronificação. Representam verdadeiros desafios à medicina do espírito. Além do mais, fica patenteado que a recuperação do enfermo, nesses casos, não depende só da doutrinação e do encaminhamento do obsessor. É indispensável a remoção dos aparelhos parasitas para que o paciente, de fato, se sinta aliviado da sintomatologia desarmônica. Após o advento da apometria, os grupos mediúnicos estabelecidos em casas espíritas detiveram-se nesses detalhes e, conseqüentemente estão colhendo resultados mais significativos no trato com as obsessões graves. Assim, do mesmo jeito que a medicina terrena vem dominando doenças antes consideradas cármicas, a medicina espiritual, valendo-se de técnicas mais elaboradas, também aperfeiçoou a sua dinâmica de pesquisa e terapêutica, sem que nos afastássemos jamais dos postulados kardequianos, do respeito ao próximo e das exortações evangélicas referentes ao esforço próprio de auto-superação por parte de enfermos da alma.
Quais os principais cuidados a serem tomados em uma sessão de apometria?
Os mesmos que são levados em conta nas sessões mediúnicas tradicionais da Doutrina Espírita. Harmonia entre os participantes, grupos reduzidos, respeito aos horários estabelecidos, prece de harmonização no início das atividades, leitura de um trecho evangélico, seguido de um breve comentário, manutenção elevada do padrão vibratório mental e desejo de ajudar aos necessitados de ambos os lados da vida.
A apometria tem sido bem aceita no meio espírita?
Bem, esta é uma pergunta que merece um esclarecimento. A apometria ainda não é consenso no contexto espírita. Há receios evidentemente infundados, por exemplo: o temor de que se esteja ferindo a pureza doutrinária; o desconhecimento de causa e, por parte de um pequeno grupo, uma certa intolerância com críticas pueris e até certo ponto agressivas, o que é uma lástima. No entanto, de uma maneira geral, o assunto começa a despertar a atenção e o interesse de significativa parcela de espíritas. Por enquanto parece-me que os maiores interessados no assunto são os seguidores de Kardec em decorrência dos vários pontos de contato entre a metodologia apométrica e os postulados doutrinários.
O principal foco do tratamento apométrico é a obsessão?
Eu diria que sim. O nosso interesse é desvendar as causas espirituais dos sofrimentos humanos enfrentados pela Medicina tradicional. Os espíritas, em suas sessões de assistência mediúnica aos sofredores de todos os matizes, jamais pretenderam substituir a Medicina pelo Espiritismo. E, na qualidade de espíritas, nós que praticamos a apometria abraçamos a mesma opinião. Em afinada sintonia com os espíritos terapeutas, nós penetramos no mundo das causas, o que nos facilita a questão do diagnóstico de certeza da maioria das mazelas humanas. Ora as doenças que se manifestam no campo orgânico, na maior parte dos casos, origina-se nos desequilíbrios energéticos identificados no perispírito, quer seja um transtorno anímico de natureza auto-obsessiva, quer seja uma influência externa de ordem obsessiva propriamente dita. Pois bem, a dimensão astral é o nosso campo de atuação. Apenas nos dirigimos às causas, enquanto os servidores da saúde cuidam dos aspectos físicos das mazelas terrenas. Dessa forma, esse empenho converte-se numa simbiose fraterna e salutar entre encarnados e desencarnados, cujos benefícios são hauridos por ambas as partes.
Gostaria de deixar alguma mensagem?
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer à Revista Cristã de Espiritismo a oportunidade que nos foi concedida. Em seguida, desejaria reforçar a minha esperança no progresso científico da doutrina espírita. Recordemos que as revelações responsáveis pela mudança de conduta para melhor do gênero humano são gradativas e oportunas. O amado Mestre presenteou-nos com o seu código supremo de amor e fraternidade. Para evoluirmos devemos incorporar aos nossos corações os exemplos da dignidade Crística. Por sua vez, Allan Kardec legou-nos a codificação espírita, aproximando-nos ainda mais das grandes realidades espirituais que transcendem a dimensão da matéria. André Luiz e Manoel P. de Miranda devassaram as particularidades da obsessão espiritual. E o nosso saudoso Dr.Lacerda abriu-nos as portas da psiquiatria espírita, revelando-nos as técnicas de acesso experimental às dimensões superiores da complexidade humana. Que possamos saber aproveitar com equilíbrio e gratidão tantas dádivas do Mundo Maior. Quando aprendermos a conciliar o amor de Jesus com a ciência terrena, estaremos festejando de fato o início do período de regeneração da raça humana.
A utilização da apometria pode ser considerada como parte da evolução no tratamento espiritual, embora muitos espíritas e espiritualistas ainda não a aceitem ou a utilizem, talvez por falta de uma divulgação adequada e uma maior interação com o assunto.
A apometria é uma técnica que consiste no desdobramento espiritual (emancipação da alma, viagem astral ou projeção da consciência) por intermédio do comando da mente. "Representa o clássico desdobramento entre os componentes materiais somáticos do homem e sua constituição espiritual", de acordo com a definição do livro Apometria- Novos Horizontes da Medicina Espiritual, escrito pelo médico Vitor Ronaldo Costa e publicado pela Casa Editora O Clarim, em 1997.
Esse estado de emancipação da alma dá maior possibilidade ao médium de executar as tarefas assistenciais no plano espiritual, por poder expandir, dessa maneira, sua capacidade sensitiva, além de permitir que esteja no mesmo plano de atuação do desencarnado. Ao mesmo tempo, o paciente, que também fica em estado de emancipação, facilita seu atendimento. Isso ocorre porque no plano astral o campo energético, assim como os desequilíbrios, podem ser observados de uma forma mais ampla pela equipe tanto de trabalhadores encarnados como pelos espíritos benfeitores.
Porém, os estudiosos sérios alertam que não se trata de mediunismo e que deve ser utilizada por pessoas habilitadas, capazes e envolvidas em bons propósitos. "Tenhamos sempre em mente que a apometria é apenas um instrumento auxiliar de manuseio anímico-mediúnico, aplicado com a finalidade de facilitar o acesso do médium à intimidade energética do indivíduo enfermo", relata o médico e autor Vitor Ronaldo. Ele complementa dizendo que a técnica da apometria, quando bem aplicada e sob a cobertura dos bons espíritos, realmente se destaca no diagnóstico de certeza e na condução da terapêutica mais indicada.
A descoberta
Implantada pelo farmacêutico-bioquímico porto-riquenho dr. Luiz Rodrigues, recebeu primeiramente o nome de hipnometria, mas foi fundamentada e desenvolvida cientificamente pelo médico gaúcho dr.José Lacerda de Azevedo.
Dr. Lacerda nasceu em 12 de junho de 1919, em Porto Alegre. Cursou o Instituto de Belas Artes e depois se formou em medicina pela Universidade do Rio Grande de Sul, em 1950. Antes mesmo de tornar-se doutor, em 1947, casou-se com Yolanda da Cunha Lacerda, uma prima que só veio a conhecer na idade adulta e que se tornou mais tarde sua grande companheira de ideais. Cientista e pesquisador nato, dr. Lacerda sempre buscou respostas para o desconhecido e foi esse desafio que o impulsionou a fundamentar cientificamente a apometria.
Tudo começou no ano de 1965, quando o pesquisador dr. Luiz Rodrigues visitou o Hospital Espírita de Porto Alegre, local onde o dr. Lacerda participava de trabalhos de atendimento socorrista. O médico assistiu duas dessas sessões e ficou impressionado com as demonstrações de hipnometria apresentadas pelo farmacêutico, que não se considerava espírita. Desde então, iniciou sérias investigações sobre o assunto. Resolveu fazer experiências e escolheu sua esposa, Yolanda, para dar início às investigações. Para tanto, cumpriu a metodologia preconizada pelo pesquisador porto-riquenho. Logo constatou a eficiência da técnica, embora tenha preferido adotar a expressão grega Apometria. "APÓ" significa "além de" e "METRON" se refere à "medida" por julgar mais apropriado ao invés de Hipnometria, já que não havia a presença de sono durante a aplicação da técnica.
Esse foi o ponto de partida para que o médico passasse a pesquisar o assunto cada vez mais, com o objetivo de socorrer os enfermos e implantar a terapêutica espiritual. Mas os estudos cresceram mesmo quando o dr. Lacerda recebeu um convite do então presidente do Hospital Espírita de Porto Alegre, Conrado Ferrari, para assumir a Divisão de Pesquisas e levar em frente os experimentos apométricos. Para que o grupo pudesse intensificar os experimentos o trabalho foi implantado em uma casa, que inicialmente era designada para abrigar os próprios funcionários do hospital. Pelo fato da casa ser rodeada de flores e vegetação exuberante ficou conhecida como a Casa do Jardim.
Por muitos anos as pesquisas foram crescendo e se aprimorando, mas foi na década de 80 que os trabalhos de apometria se expandiram, principalmente na região sul do país. Em 1990 surgiu a idéia de um encontro de grupos de apometria e, em 1992, o projeto se concretizou. Criou-se a Sociedade Brasileira de Apometria, com o objetivo de promover o intercâmbio entre os grupos e difundir o conhecimento sobre a técnica de Apometria, com o objetivo de promover o intercâmbio entre os grupos e difundir o conhecimento sobre a técnica.
Em decorrência do empenho em expandir o assunto, o médico gaúcho publicou dois livros: Espírito/Matéria - Novos Horizontes para a Medicina e Energia e Espírito. O primeiro está com a edição esgotada.
Dr. Lacerda desencarnou em 1997, porém o resultado de seu trabalho permanece.
A utilização
Por intermédio da projeção do perispírito, o médium pode ver e ouvir os espíritos, até mesmo trabalhar no resgate de espíritos sofredores. De acordo com dr. Lacerda, no atendimento aos enfermos, por meio da projeção, coloca-se o médium em contato com as entidades médicas do plano espiritual. Simultaneamente, o mesmo procedimento é feito com o doente, o que possibilita o atendimento do corpo espiritual do enfermo pelos médicos desencarnados, assistidos pelos médiuns em projeção que relatam os fatos que estão ocorrendo durante o tratamento.
Também pode ser utilizada como técnica eficaz no tratamento das obsessões. Essa eficácia acontece em virtude dos espíritos protetores se encontrarem no mesmo plano dos assistidos, podendo agir com maior profundidade e mais rapidez.
Vale lembrar que a projeção do perispírito, tanto do médium quanto do enfermo é obtida por intermédio do emprego de um determinado número de impulsos magnéticos, semelhantes aos passes. Embora a apometria seja uma técnica bastante simples, sua aplicação exige cuidados especiais, como uma cobertura espiritual de nível elevado. Deve ser realizada por grupos de trabalho constituídos para essa finalidade, com atividades regulares como qualquer outro grupo dedicado aos trabalhos de caridade, além da harmonia entre os componentes da equipe.
A apometria tem sido utilizada por muitos grupos como técnica eficiente em auxiliar nos processos obsessivos, já que em geral, as perturbações espirituais decorrem da ação de obsessores. Os espíritos obsessores – na verdade, espíritos infelizes – são afastados, recolhidos e conduzidos para hospitais espirituais, de acordo com seu padrão vibratório. O estado de emancipação da alma possibilita que os médiuns possam observar melhor as ligações obsessivas, as áreas do organismo perispiritual atingidas, entre outros fatores.
Isso torna o tratamento muito mais completo por possibilitar o atendimento tanto do paciente quanto dos espíritos perturbadores que o acompanham. Na maioria das vezes, o enfermo nada registra, a não ser em casos de pessoas com maior sensibilidade.
Tratamento integral
Chegará um tempo em que a medicina tratará o Homem de forma integral, unindo os tratamentos físico e espiritual realizados por médicos encarnados e desencarnados. Mesmo porque, a maioria das doenças se inicia no perispírito e depois se manifesta no corpo físico.
Segundo relatos de pesquisadores e de grupos que utilizam a metodologia, independente de religião ou credo, sua aplicação adequada poderá cada vez mais ajudar a expandir o campo da medicina integral. E quanto mais conhecida essa técnica, mais auxiliará os espíritas nos trabalhos de desobsessão e atendimentos espirituais. Paralelamente, novos horizontes se abrirão quando a medicina reconhecer a existência do espírito e que uma infinidade de enfermidades que se manifestam na atualidade podem ter sido causadas no corpo perispiritual em existência passada.
Entrevistamos o dr. Vitor Ronaldo Costa, conhecido médico e pesquisador espírita que utiliza a técnica da Apometria no tratamento, identificando as causas mais profundas das doenças.
Como surgiu a idéia de escrever o livro Apometria - Novos Horizontes da Medicina Espiritual?
Vitor Ronaldo Costa – A idéia ganhou força e se corporificou em decorrência de meu desejo de esclarecer especialmente aos espíritas a palpitante temática da apometria. Estabeleci como propósito mostrar aos confrades a excelência de uma técnica relativamente nova em sua aplicação prática, não obstante encontrar-se embasada no velho magnetismo, no sonambulismo, no desdobramento, na clarividência e em outros enfoques do psiquismo experimental abordados por Allan Kardec no capítulo VIII de O Livro dos Espíritos. Além de tudo, animava-me o desejo de compartilhar com os demais espíritas o conhecimento de algo que se me afigurava de grande utilidade quando acoplado aos trabalhos mediúnicos assistenciais.
A obra foi baseada em dados apresentados no X Congresso Espírita Pan-Americano em 1975. Desde essa, época quais avanços foram mais significativos?
Nos idos de 1974, o dr. José Lacerda de Azevedo já colecionava inúmeras observações interessantes a respeito da apometria. Suas anotações avolumaram-se e serviram mais tarde como ponto de partida de uma obra mais expressiva, na qual a apometria seria desvendada sob a ótica médico-espírita. O ano de 1975 foi importante, porquanto no X Congresso Espírita Pan-Americano realizado em Mar Del Plata, Argentina, o dr. Lacerda, pela primeira vez, tornou pública a sua tese: “Ciência da Espiritualidade Aplicada à Medicina”. No conclave, estavam presentes espíritas de quase todos os países das Américas, especialmente, do Brasil. É claro que pela quantidade de informações repassadas por esse ilustre pesquisador, nem todos os que ali se encontravam compreenderam inicialmente a profundidade do tema, a sua possível ligação com a doutrina e a repercussão do assunto no campo da medicina espiritual. Creio que, desde aquela época até o presente momento, o grande avanço ocorrido relaciona-se com aceitação do assunto por um número cada vez mais expressivo de espíritas. A melhor compreensão da técnica, a sua aplicação nas instituições espíritas à luz do Evangelho do Mestre e a grande contribuição que a mesma empresta aos trabalhos desobsessivos refletem, sem dúvida, o grande avanço dos ideais superiores abraçados pelo dr.Lacerda.
Na qualidade de médico, como o senhor vê o uso da apometria nos tratamentos de saúde?
É como se fôssemos participantes ativos de uma nova era, em que a visão verdadeiramente holística da criatura é levada em consideração. Em decorrência da aplicação da técnica, podemos intentar o diagnóstico de certeza das complexas síndromes de ordem espiritual e optar pelo tratamento específico para o caso, com boas chances de se alcançar resultados alentadores. Com o emprego da metodologia apométrica, descortinamos em profundidade as distonias espirituais, enquanto a Medicina se encarrega da terapêutica clássica voltada para o campo físico. Trata-se de oportuna associação, em que os médicos do espaço cuidam dos aspectos espirituais do enfermo e os médicos terrenos se empenham na reestruturação do organismo físico.
Pretende escrever outro livro abordando a mesma temática?
Sem dúvida. A nova obra já se encontra em fase de elaboração. Esperamos conclui-la dentro de mais alguns meses.
Na atualidade, como está a utilização da apometria no Hospital Espírita de Porto Alegre e em outros grupos espíritas?
Em virtude do esforço conjunto de um grupo de trabalhadores mediúnicos da antiga Casa do Jardim, foi implantada em um bairro de Porto Alegre a sede atual Casa do Jardim. Com isso, houve a transferência das atividades mediúnicas caritativas para o novo endereço, de forma que o hospital permaneceu apenas como referência histórica da apometria. Temos notícias de que os grupos de apometria, aos poucos, vão se multiplicando e integrando, de fato, às atividades assistenciais mediúnicas de muitas instituições espíritas em quase todos os estados brasileiros.
O senhor participa de algum grupo de apometria atualmente?
Sim. Desde o início da década de setenta passei a privar da amizade particular do dr. Lacerda e o acompanhei durante muitos anos, aprendendo e praticando a técnica, quando ainda os trabalhos se realizavam na intimidade do Hospital Espírita de Porto Alegre. A propósito, considero tal período um dos mais importantes da minha atual reencarnação, pois, sem dúvida, equivaleu a uma verdadeira pós-graduação em Medicina Espiritual, fato que norteou todo o meu trabalho assistencial mediúnico no âmbito da doutrina que eu professo, - o Espiritismo. Após minha transferência para Brasília, por força de obrigações profissionais, aqui reiniciei as atividades mediúnicas, utilizando-me da citada técnica. Tivemos, então, a oportunidade de preparar novos médiuns, nas diversas instituições espíritas por onde passamos. De alguns anos para cá, atuamos no Sanatório Espírita de Brasília, com o apoio do dirigente, o sr. Lauro Carvalho.
Cite algum exemplo do uso da apometria.
Digamos que o paciente seja portador de sintomas físicos ou desajustes mentais induzidos pela presença de “aparelhos parasitas”. Esses aparelhos são verdadeiros artefatos fluídicos potencialmente desarmonizadores, sofisticados e eficientes em sua ação nociva, são idealizados por inteligências desencarnadas maléficas e inseridos cuidadosamente no corpo astral dos encarnados com a finalidade de desencadear degenerações celulares, síndromes dolorosas e distonias psíquicas. Com o emprego da técnica apométrica, os médiuns em estado de desdobramento localizam tais artefatos fluídicos com certa facilidade e, sob a cobertura dos mentores espirituais, convidam o próprio obsessor a proceder a retirada dos mesmos, aliás, procedimento ético capaz de permitir o primeiro passo da “entidade” no sentido da própria recuperação espiritual. Como dizíamos, essas síndromes são graves e tendentes a cronificação. Representam verdadeiros desafios à medicina do espírito. Além do mais, fica patenteado que a recuperação do enfermo, nesses casos, não depende só da doutrinação e do encaminhamento do obsessor. É indispensável a remoção dos aparelhos parasitas para que o paciente, de fato, se sinta aliviado da sintomatologia desarmônica. Após o advento da apometria, os grupos mediúnicos estabelecidos em casas espíritas detiveram-se nesses detalhes e, conseqüentemente estão colhendo resultados mais significativos no trato com as obsessões graves. Assim, do mesmo jeito que a medicina terrena vem dominando doenças antes consideradas cármicas, a medicina espiritual, valendo-se de técnicas mais elaboradas, também aperfeiçoou a sua dinâmica de pesquisa e terapêutica, sem que nos afastássemos jamais dos postulados kardequianos, do respeito ao próximo e das exortações evangélicas referentes ao esforço próprio de auto-superação por parte de enfermos da alma.
Quais os principais cuidados a serem tomados em uma sessão de apometria?
Os mesmos que são levados em conta nas sessões mediúnicas tradicionais da Doutrina Espírita. Harmonia entre os participantes, grupos reduzidos, respeito aos horários estabelecidos, prece de harmonização no início das atividades, leitura de um trecho evangélico, seguido de um breve comentário, manutenção elevada do padrão vibratório mental e desejo de ajudar aos necessitados de ambos os lados da vida.
A apometria tem sido bem aceita no meio espírita?
Bem, esta é uma pergunta que merece um esclarecimento. A apometria ainda não é consenso no contexto espírita. Há receios evidentemente infundados, por exemplo: o temor de que se esteja ferindo a pureza doutrinária; o desconhecimento de causa e, por parte de um pequeno grupo, uma certa intolerância com críticas pueris e até certo ponto agressivas, o que é uma lástima. No entanto, de uma maneira geral, o assunto começa a despertar a atenção e o interesse de significativa parcela de espíritas. Por enquanto parece-me que os maiores interessados no assunto são os seguidores de Kardec em decorrência dos vários pontos de contato entre a metodologia apométrica e os postulados doutrinários.
O principal foco do tratamento apométrico é a obsessão?
Eu diria que sim. O nosso interesse é desvendar as causas espirituais dos sofrimentos humanos enfrentados pela Medicina tradicional. Os espíritas, em suas sessões de assistência mediúnica aos sofredores de todos os matizes, jamais pretenderam substituir a Medicina pelo Espiritismo. E, na qualidade de espíritas, nós que praticamos a apometria abraçamos a mesma opinião. Em afinada sintonia com os espíritos terapeutas, nós penetramos no mundo das causas, o que nos facilita a questão do diagnóstico de certeza da maioria das mazelas humanas. Ora as doenças que se manifestam no campo orgânico, na maior parte dos casos, origina-se nos desequilíbrios energéticos identificados no perispírito, quer seja um transtorno anímico de natureza auto-obsessiva, quer seja uma influência externa de ordem obsessiva propriamente dita. Pois bem, a dimensão astral é o nosso campo de atuação. Apenas nos dirigimos às causas, enquanto os servidores da saúde cuidam dos aspectos físicos das mazelas terrenas. Dessa forma, esse empenho converte-se numa simbiose fraterna e salutar entre encarnados e desencarnados, cujos benefícios são hauridos por ambas as partes.
Gostaria de deixar alguma mensagem?
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer à Revista Cristã de Espiritismo a oportunidade que nos foi concedida. Em seguida, desejaria reforçar a minha esperança no progresso científico da doutrina espírita. Recordemos que as revelações responsáveis pela mudança de conduta para melhor do gênero humano são gradativas e oportunas. O amado Mestre presenteou-nos com o seu código supremo de amor e fraternidade. Para evoluirmos devemos incorporar aos nossos corações os exemplos da dignidade Crística. Por sua vez, Allan Kardec legou-nos a codificação espírita, aproximando-nos ainda mais das grandes realidades espirituais que transcendem a dimensão da matéria. André Luiz e Manoel P. de Miranda devassaram as particularidades da obsessão espiritual. E o nosso saudoso Dr.Lacerda abriu-nos as portas da psiquiatria espírita, revelando-nos as técnicas de acesso experimental às dimensões superiores da complexidade humana. Que possamos saber aproveitar com equilíbrio e gratidão tantas dádivas do Mundo Maior. Quando aprendermos a conciliar o amor de Jesus com a ciência terrena, estaremos festejando de fato o início do período de regeneração da raça humana.
Publicado na Revista Cristã de Espiritismo - ed. 30
ADVENTO II "GRÁVIDOS COM MARIA" - IGREJA LUTERANA
O tempo dura bastante para aqueles que sabem aproveitá-lo.
(Leonardo da Vinci)
Não existe tempo sagrado e tempo profano.
Não existe um tempo para Deus e outro que não é para Deus. Todo o tempo pertence a Deus.
A vida dos seres humanos tem uma cadência: a infância, depois a adolescência, a juventude e a vida adulta. E cada um desses tempos é especial a seu modo.
Assim é com o ano, que tem as quatro estações e a lua, que tem suas fases. Temos também estações e passamos por fases. Algumas são boas, outras são ruins e, novamente, vêm as boas. Os bons períodos não duram para sempre, mas os ruins também não são eternos. Depois de um período tenebroso, sempre vem um tempo mais suave.
Na roça, a vida das pessoas é regida pela natureza. Há o tempo para plantar, o tempo para colher e o tempo para descansar a terra. Nas grandes cidades, às vezes só nos damos conta de que é primavera porque os jardins ficam floridos. Já não temos consciência dos rituais de passagem da natureza.
Na maioria das vezes, é a publicidade que nos alerta para uma mudança de estação, uma mudança de tempo. Alguns, tenho certeza, nem lembrariam que é tempo de Natal se as lojas não estivessem enfeitadas já no final de outubro... Contudo, mesmo nas cidades, quem tem sensibilidade consegue perceber que a natureza nos avisa que é tempo de primavera.
Quando é tempo de Advento, até o vento fica diferente: é uma mistura de um pouco de primavera e um verão que está espreitando por aí. Há um cheiro diferente no ar: o sol, as flores, as pessoas com seus pacotes, as casas enfeitadas.
Tempo de Advento é tempo de espera; tempo de estarmos grávidos. Grávidos com Maria. Advento é um tempo que nos sinaliza que nossos desertos interiores terão um fim, e que chegará o dia em que teremos fartura e abundância. Fartura em nossa pobreza, abundância em meio à falta.
Chegará o dia em que os sonhos de paz dos profetas se realizarão e ninguém mais se armará contra outro. Ah, como temos medo! Maria também teve medo quando o anjo Gabriel lhe apareceu. Que possamos dizer com ela: “Sou tua serva... Sou teu servo, que se realize em mim a tua vontade.”
Deus nos deixa grávidos de esperança; grávidos de forças novas e boas, grávidos de luz, grávidos de desejos de bem.
Deus habita ali onde é acolhido. Maria o acolheu. E você, vai acolhê-lo?
Pastora Vera Cristina Weissheimer - Pastora da IECLB,
Capelã do Hospital Alemão Oswaldo Cruz – São Paulo
Fonte: http://www.luteranos.com.br/articles/13329/1/Gravidos-com-Maria/1.html
(Leonardo da Vinci)
Não existe tempo sagrado e tempo profano.
Não existe um tempo para Deus e outro que não é para Deus. Todo o tempo pertence a Deus.
A vida dos seres humanos tem uma cadência: a infância, depois a adolescência, a juventude e a vida adulta. E cada um desses tempos é especial a seu modo.
Assim é com o ano, que tem as quatro estações e a lua, que tem suas fases. Temos também estações e passamos por fases. Algumas são boas, outras são ruins e, novamente, vêm as boas. Os bons períodos não duram para sempre, mas os ruins também não são eternos. Depois de um período tenebroso, sempre vem um tempo mais suave.
Na roça, a vida das pessoas é regida pela natureza. Há o tempo para plantar, o tempo para colher e o tempo para descansar a terra. Nas grandes cidades, às vezes só nos damos conta de que é primavera porque os jardins ficam floridos. Já não temos consciência dos rituais de passagem da natureza.
Na maioria das vezes, é a publicidade que nos alerta para uma mudança de estação, uma mudança de tempo. Alguns, tenho certeza, nem lembrariam que é tempo de Natal se as lojas não estivessem enfeitadas já no final de outubro... Contudo, mesmo nas cidades, quem tem sensibilidade consegue perceber que a natureza nos avisa que é tempo de primavera.
Quando é tempo de Advento, até o vento fica diferente: é uma mistura de um pouco de primavera e um verão que está espreitando por aí. Há um cheiro diferente no ar: o sol, as flores, as pessoas com seus pacotes, as casas enfeitadas.
Tempo de Advento é tempo de espera; tempo de estarmos grávidos. Grávidos com Maria. Advento é um tempo que nos sinaliza que nossos desertos interiores terão um fim, e que chegará o dia em que teremos fartura e abundância. Fartura em nossa pobreza, abundância em meio à falta.
Chegará o dia em que os sonhos de paz dos profetas se realizarão e ninguém mais se armará contra outro. Ah, como temos medo! Maria também teve medo quando o anjo Gabriel lhe apareceu. Que possamos dizer com ela: “Sou tua serva... Sou teu servo, que se realize em mim a tua vontade.”
Deus nos deixa grávidos de esperança; grávidos de forças novas e boas, grávidos de luz, grávidos de desejos de bem.
Deus habita ali onde é acolhido. Maria o acolheu. E você, vai acolhê-lo?
Pastora Vera Cristina Weissheimer - Pastora da IECLB,
Capelã do Hospital Alemão Oswaldo Cruz – São Paulo
Fonte: http://www.luteranos.com.br/articles/13329/1/Gravidos-com-Maria/1.html
PERÍODO DO ADVENTO
O Advento (do latim Adventus: "chegada", do verbo Advenire: "chegar a") é o primeiro tempo do Ano litúrgico, o qual antecede o Natal. Para os cristãos, é um tempo de preparação e alegria, de expectativa, onde os fiéis, esperando o Nascimento de Jesus Cristo, vivem o arrependimento e promovem a fraternidade e a Paz. No calendário religioso este tempo corresponde às quatro semanas que antecedem o Natal.
Origem
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Advento
A primeira referência ao "Tempo do Advento" é encontrada na Espanha, quando no ano 380, o Sínodo de Saragossa prescreveu uma preparação de três semanas para a Epifania, data em que, antigamente, também se celebrava o Natal. Na França, Perpétuo, bispo de Tours, instituiu seis semanas de preparação para o Natal e, em Roma, o Sacramentário Gelasiano cita o Advento no fim do século V.
Há relatos de que o Advento começou a ser vivido entre os séculos IV e VII em vários lugares do mundo, como preparação para a festa do Natal.
No final do século IV na Gália (atual França) e na Espanha, tinha caráter ascético com jejum, abstinência e duração de 6 semanas como na Quaresma (quaresma de S. Martinho). Este caráter ascético para a preparação do Natal se devia à preparação dos catecumenos para o batismo na festa da Epifania.
Somente no final do século VII, em Roma, é acrescentado o aspecto escatológico do Advento, recordando a segunda vinda do Senhor e passou a ser celebrado durante 5 domingos.
Só mais tarde é que o Advento passou a ser celebrado nos seus dois aspectos: a vinda definitiva do Senhor e a preparação para o Natal, mantendo a tradição das 4 semanas. A Igreja entendeu que não podia celebrar a liturgia, sem levar em consideração a sua essencial dimensão escatológica.
Surgido na Igreja Católica, este tempo passou também para as igrejas reformadas, em particular à Anglicana, à Luterana, e à Metodista, dentre várias outras. A igreja Ortodoxa tem um período de quarenta dias de jejum em preparação ao Natal.
O tempo do advento e suas características
O tempo do Advento é para toda a Igreja, momento de forte mergulho na liturgia e na mística cristã. É tempo de espera e esperança, de estarmos atentos e vigilantes, preparando-nos alegremente para a vinda do Senhor, como uma noiva que se enfeita, se prepara para a chegada de seu noivo, seu amado.
O Advento começa às vésperas do Domingo mais próximo do dia 30 de Novembro e vai até as primeiras vésperas do Natal de Jesus contando quatro domingos.
Esse tempo possui duas características: Nas duas primeiras semanas, a nossa expectativa se volta para a segunda vinda definitiva e gloriosa de Jesus Cristo, Salvador e Senhor da história, no final dos tempos. As duas últimas semanas, dos dias 17 a 24 de Dezembro, visam em especial, a preparação para a celebração do Natal, a primeira vinda de Jesus entre nós. Por isto, o Tempo do Advento é um tempo de piedosa e alegre expectativa. Uma das expressões desta alegria é o canto das chamada "Antífonas do Ó".
Teologia do advento
O Advento recorda a dimensão histórica da salvação, evidencia a dimensão escatológica do mistério cristão e nos insere no caráter missionário da vinda de Cristo.
Ao serem aprofundados os textos litúrgicos desse tempo, constata-se na história da humanidade o mistério da vinda do Senhor, Jesus, que de fato se encarna e se torna presença salvífica na história, confirmando a promessa e a aliança feita ao povo de Israel. Deus que, ao se fazer carne, plenifica o tempo (Gl 4,4) e torna próximo o Reino (Mc 1,15).
O Advento recorda também o Deus da Revelação. Aquele que é, que era e que vem (Ap 1, 4-8), que está sempre realizando a salvação mas cuja consumação se cumprirá no "dia do Senhor", no final dos tempos.
O caráter missionário do Advento se manifesta na Igreja pelo anúncio do Reino e a sua acolhida pelo coração do homem até a manifestação gloriosa de Cristo. As figuras de João Batista e Maria são exemplos concretos da vida missionária de cada cristão, quer preparando o caminho do Senhor, quer levando o Cristo ao irmão para o santificar. Não se pode esquecer que toda a humanidade e a criação vivem em clima de advento, de ansiosa espera da manifestação cada vez mais visível do Reino de Deus.
A celebração do Advento é, portanto, um meio precioso e indispensável para nos ensinar sobre o mistério da salvação e assim termos a Jesus como referência e fundamento, dispondo-nos a "perder" a vida em favor do anúncio e instalação do Reino.
Espiritualidade do advento
A liturgia do Advento nos impulsiona a reviver alguns dos valores essenciais cristãos, como a alegria expectante e vigilante, a esperança, a pobreza, a conversão.
Deus é fiel a suas promessas: o Salvador virá; daí a alegre expectativa, que deve nesse tempo, não só ser lembrada, mas vivida, pois aquilo que se espera acontecerá com certeza. Portanto, não se está diante de algo irreal, fictício, passado, mas diante de uma realidade concreta e atual. A esperança da Igreja é a esperança de Israel já realizada em Cristo mas que só se consumará definitivamente na parusia (volta) do Senhor. Por isso, o brado da Igreja característico nesse tempo é "Marana tha"! Vem Senhor Jesus!
O tempo do Advento é tempo de esperança porque Cristo é a nossa esperança (I Tm 1, 1); esperança na renovação de todas as coisas, na libertação das nossas misérias, pecados, fraquezas, na vida eterna, esperança que nos forma na paciência diante das dificuldades e tribulações da vida, diante das perseguições, etc.
O Advento também é tempo propício à conversão. Sem um retorno de todo o ser a Cristo, não há como viver a alegria e a esperança na expectativa da Sua vinda. É necessário que "preparemos o caminho do Senhor" nas nossas próprias vidas, lutando incessantemente contra o pecado, através de uma maior disposição para a oração e mergulho na Palavra.
No Advento, precisamos nos questionar e aprofundar a vivência da pobreza. Não pobreza econômica, mas principalmente aquela que leva a confiar, se abandonar e depender inteiramente de Deus e não dos bens terrenos. Pobreza que tem n'Ele a única riqueza, a única esperança e que conduz à verdadeira humildade, mansidão e posse do Reino.
As figuras do advento
Isaías é o profeta que, durante os tempos difíceis do exílio do povo eleito, levava a consolação e a esperança. Na segunda parte do seu livro, dos capítulos 40 - 55 (Livro da Consolação), anuncia a libertação, fala de um novo e glorioso êxodo e da criação de uma nova Jerusalém, reanimando assim os exilados.
As principais passagens deste livro são proclamadas durante o tempo do Advento num anúncio perene de esperança para os homens de todos os tempos. Ele que no capítulo 7 do seu livro já anucia a vinda do Senhor
João Batista
É o último dos profetas e segundo o próprio Jesus, "mais que um profeta", "o maior entre os que nasceram de mulher", o mensageiro que veio diante d'Ele a fim de lhe preparar o caminho, anunciando a sua vinda (Lc 7, 26 - 28), pregando aos povos a conversão, pelo conhecimento da salvação e perdão dos pecados (Lc 1, 76s).
A figura de João Batista ao ser o precursor do Senhor e aponta como presença já estabelecida no meio do povo, encarna todo o espírito do Advento. Por isso ele ocupa um grande espaço na liturgia desse tempo, em especial no segundo e no terceiro domingo.
João Batista é o modelo dos que são consagrados a Deus e que, no mundo de hoje, são chamados a também ser profetas e profetisas do reino, vozes no deserto e caminho que sinaliza para o Senhor, permitindo, na própria vida, o crescimento de Jesus e a diminuição de si mesmo, levando, por sua vez os homens a despertar do torpor do pecado.
José
Nos textos bíblicos do Advento, se destaca José, esposo de Maria, o homem justo e humilde que aceita a missão de ser o pai adotivo de Jesus. Ao ser da descendência de Davi e pai legal de Jesus, José tem um lugar especial na encarnação, permitindo que se cumpra em Jesus o título messiânico de "Filho de Davi".
José é justo por causa de sua fé, modelo de fé dos que querem entrar em diálogo e comunhão com Deus.
A celebração do advento
O Advento deve ser celebrado com sobriedade e com discreta alegria. Não se canta o Glória, para que na festa do Natal, nos unamos aos anjos e entoemos este hino como algo novo, dando glória a Deus pela salvação que realiza no meio de nós. Pelo mesmo motivo, o diretório litúrgico da CNBB orienta que flores e instrumentos sejam usados com moderação, para que não seja antecipada a plena alegria do Natal de Jesus.
Os paramentos litúrgicos(casula, estola, dalmática, pluvial, cíngulo, etc) são de cor roxa, bem como o véu que recobre o ambão, a bolsa do corporal e o véu do cálice; como sinal de recolhimento e conversão em preparação para a festa do Natal. A única exceção é o terceiro domingo do Advento, Domingo Gaudete ou da Alegria, cuja cor tradicionalmente usada é a rósea, em substituição ao roxo, para revelar a alegria da vinda do Salvador que está bem próxima. Também os altares são ornados com rosas cor-de-rosa. O nome de Domingo Gaudete refere-se à primeira palavra do intróito deste dia, que é tirado da segunda leitura que diz: "Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito, alegrai-vos, pois o Senhor está perto"(Fl 4, 4). Também é chamado "Domingo mediano", por marcar a metade do Tempo do Advento, tendo anologia com o quarto domingo do Tempo da Quaresma, chamado Laetare.
Símbolos do Advento
Vários símbolos do Advento nos ajudam a mergulhar no mistério da encarnação e a vivenciar melhor este tempo. Entre eles há a coroa ou grinalda do Advento. Ela é feita de galhos sempre verdes entrelaçados, formando um círculo, no qual são colocadas 4 grandes velas representando as 4 semanas do Advento. A coroa pode ser, colocada ao lado do altar ou em qualquer outro lugar visível. A cada domingo uma vela é acesa; no 1° domingo uma, no segundo duas e assim por diante até serem acesas as 4 velas no 4° domingo. A luz nascente indica a proximidade do Natal, quando Cristo salvador e luz do mundo, brilhará para toda a humanidade, e representa também, nossa fé e nossa alegria pelo Deus que vem. A cor roxa das velas nos convida a purificar nossos corações em preparação para acolher o Cristo que vem. A vela de cor rosa, nos chama a alegria, pois o Senhor está próximo. Os detalhes dourados prefiguram a glória do Reino que virá.
A coroa de advento
Origem: A Coroa de Advento tem a sua origem em uma tradição pagã européia. No inverno, se acendiam algumas velas que representavam ao “fogo do deus sol” com a esperança de que a sua luz e o seu calor voltasse. Os primeiros missionários aproveitaram esta tradição para evangelizar as pessoas. Partiam de seus próprios costumes para anunciar-lhes a fé. Assim, a coroa está formada por uma grande quantidade de símbolos:
A forma circular
O círculo não tem princípio, nem fim. É sinal do amor de Deus que é eterno, sem princípio e nem fim, e também do nosso amor a Deus e ao próximo que nunca deve terminar. Além disso, o círculo dá uma idéia de “elo”, de união entre Deus e as pessoas, como uma grande “Aliança”.
As ramas verdes
Verde é a cor da esperança e da vida. Deus quer que esperemos a sua graça, o seu perdão misericordioso e a glória da vida eterna no final de nossa vida. Bênçãos que nos foram derramadas pelo Senhor Jesus, em sua primeira vinda entre nós, e que agora, com esperança renovada, aguardamos a sua consumação, na sua segunda e definitiva volta.
As quatro velas
As quatro velas da coroa simbolizam, cada uma delas, uma das quatro semanas do Advento. No início, vemos nossa coroa sem luz e sem brilho. Nos recorda a experiência de escuridão do pecado. A medida em que se vai aproximando o Natal, vamos ao passo das semanas do Advento, acendendo uma a uma as quatro velas representando assim a chegada, em meio de nós, do Senhor Jesus, luz do mundo, quem dissipa toda escuridão, trazendo aos nossos corações a reconciliação tão esperada. A primeira vela lembra o perdão concedido a Adão e Eva. A segunda simboliza a fé de Abraão e dos outros Patriarcas, a quem foi anunciada a Terra Prometida. A terceira lembra a alegria do rei Davi que recebeu de Deus a promessa de uma aliança eterna. A quarta recorda os Profetas que anunciaram a chegada do Salvador.
As cores das velas do Advento são
Roxa, Vermelha, Branca e verde.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Advento
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