27 de set. de 2011

DHYANA YOGA

(Bhagavad Gita - Cap VI - versos 1 a 9)

1. A Suprema Personalidade de Deus disse: Aquele que não está apegado aos frutos de seu trabalho e que trabalha conforme sua obrigação está na ordem de vida renunciada e é um místico de verdade, e não aquele que não acende nenhum fogo nem cumpre dever algum.

2. Fica sabendo que aquilo que se chama renúncia é o mesmo que yoga, ou união com o Supremo, ó filho de Pandu, pois só pode tornar-se um yogi quem renuncia ao desejo de gozo dos sentidos.

3. Afirma-se que quem é neófito no sistema ióguico óctuplo recorre ao trabalho; mas quem já está elevado em yoga atua através da cessação de todas as atividades materiais.

4. Diz-se que alguém está elevado em yoga quando, tendo renunciado a todos os desejos materiais, não age em troca de gozo dos sentidos nem se ocupa em atividades fruitivas.

5. Com a ajuda de sua mente, a pessoa deve libertar-se, e não degradar-se. A mente é amiga da alma condicionada, e sua inimiga também.

6. Para aquele que conquistou a mente, a mente é o melhor dos amigos; mas para quem fracassou nesse empreendimento, sua mente continuará sendo seu maior inimigo.

7. Quem conquistou a mente já alcançou a Superalma, pois vive com tranquilidade. Para ele, felicidade e tristeza, calor e frio, honra e desonra é tudo o mesmo.

8. Diz-se que alguém está estabelecido em auto-realização e se chama um yogi (ou místico) quando está plenamente satisfeito em virtude do conhecimento e percepção adquiridos. Ele está situado em transcendência e é autocontrolado. Ele vê tudo – seixos, pedras ou ouro – como a mesma coisa.

9. Considera-se que tem maior avanço quem vê benquerentes honestos, benfeitores afetuosos, os neutros, os mediadores, os invejosos, amigos e inimigos, os piedosos e os pecadores – todos com mente igual.


O Capítulo 6 ensina que a meditação é o meio para buscar a consciência de Deus, o propósito de todos os Yogas. Quando a mente é direcionada a Deus, com um entendimento compreensivo, nossa percepção, atitude e desejos pelo mundo mudam automaticamente. “Os objetos dos sentidos afastam-se dele que está sóbrio, mas o gosto dos objetos persiste. Mantendo-se no Supremo, mesmo esse gosto cessa”. Assim, pela experiência da consciência de Deus através da meditação contínua, percebe-se a unidade na diversidade e todos os desejos se findam.

Yoga da meditação

O Bhagavad-gita enfatiza com frequência que a melhor maneira de livrar uma pessoa dos seus desejos mundanos é ocupar sua mente em consciência de Deus. 

Uma pessoa completamente consciente de Deus mantém sua mente em pensamentos relacionados com o Senhor e alcança Sua graça divina, tornando-se plenamente satisfeita e autocontrolada. Mas quem não é autocontrolado e não tem a mente tranquila não encontra condições favoráveis para praticar meditação. 

A menos que a mente esteja sob controle, a prática da yoga não passa de uma mera exibição, pois a pessoa continuará vivendo com sua pior inimiga dentro de si e, enquanto isto, terá de continuar a servir os ditames da luxúria, cobiça e ira. 

Praticar a renúncia do gozo pessoal dos sentidos com o propósito de se ocupar no serviço devocional para o prazer do Senhor é a perfeição da renúncia. Um yogi perfeito age sempre baseado na sua relação amorosa com o Senhor e, por isso, está sempre preocupado em dar prazer ao Senhor. Pela negação de todos os pensamentos mundanos, pela constante lembrança de Deus, através do estudo das escrituras, japa, kirtan e meditação, torna-se um sannyasi (renunciado). 

Quando alguém controla o mais baixo eu pelo mais alto Eu, a mente, os sentidos e o corpo são controlados. 

O Eu torna-se um amigo; de outra maneira, esse mesmo Eu se tornará seu inimigo. Ele, que controla seu corpo, mente e sentidos,  pode permanecer calmo no prazer e na dor, no quente e no frio, na honra e na desonra. O perfeiro yogi ou santo vê Deus em tudo.

Controlando os pensamentos e sentidos, ele precisa praticar a meditação para a purificação da alma. Assim ele alcança a paz suprema ou libertação. A mente precisa descansar em Deus, como uma lamparina que se encontra em um lugar sem vento. Quando a mente está controlada pela prática da meditação, realiza o Eu interior. Quando a mente experimenta tal bem-aventurança (ananda), o yogi sentirá que não há nada a mais nesses três mundos que valha possuir e não será perturbado, por mais amargo que seja o pesar do mundo.

Sadhana é um processo que dura uma vida. A todo momento, deve-se pensar em Deus. Sempre que a mente, devido ao seu hábito, desgarra-se do objeto da meditação, deve se esforçar e fixar-se de novo naquele objeto. Pela prática constante, o mediador e o objeto da meditação tornam-se Um, e, então, o praticante desfrutará da bem-aventurança suprema. O yogi com a mente harmonizada verá o Eu em todos os seres e todos os seres no Eu. O yogi ou o santo perfeito agirá como um instrumento nas mãos de Deus.


Fonte: Bhagavad Gita Online e Blog Yoga Hanuman.

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