20 de jul. de 2010

AYURVEDA, A CIÊNCIA DA VIDA

por Camila Reitz

Shakti Yantra
“Não há fim no aprendizado do Ayurveda.
Você deve dedicar-se cuidadosa e constantemente a ele.
Você deve aumentar a sua sabedoria aprendendo de outrem sem ciúmes.
O sábio olha todo mundo como seu mestre.
O ignorante considera todo mundo como seu inimigo.”
Charaka Samhita

Observando o Universo, podemos dizer que tudo o que existe é único, não existindo nada igual a nada. Mesmo que duas estrelas pareçam iguais, elas não são, pois uma é uma e outra é outra. Essa é a grande diferença de visão entre a medicina “tradicional” e o Ayurveda, a ciência da vida. O Ayurveda trata cada indivíduo como um ser único.

A palavra Ayurveda vem de duas outras em sânscrito: ayus significa vida e veda, sabedoria ou ciência. Essa é uma ciência baseada na observação dos seres humanos e suas atuais relações com o meio ambiente. É denominada mãe de todas as medicinas, pois influenciou a medicina chinesa, a tibetana, a grega e também a da cultura árabe. A partir daí influenciou o mundo todo de diferentes formas. É uma filosofia não ortodoxa, contendo elementos ateístas, e suas raízes são os ensinamentos do Tantra.

O Ayurveda trabalha com seres humanos que aspiram a ter longevidade, abundância e felicidade. Sendo assim, os que desejam isso devem seguir os seus ensinamentos.

Os objetivos dessa ciência são:

• conquistar saúde e longevidade para o indivíduo
• prevenir estados de desequilíbrio mental e físico
• equilibrar o corpo e a mente
• atingir a libertação


Todos os aspectos estão relacionados. Para se conseguir a liberação, é necessário equilibrar o corpo e a mente, e por consequência manter a saúde perfeita. Esta pode se adquirir através de condutas diárias regulares, de dietas relacionadas às estações do ano, de purificaçõs do corpo e das emoções (bhuta shuddhi), além de sintonizar-se com a sua própria natureza. Estar constantamente saudável é comparável com estar em liberação, pois assim você deixa de sofrer.

O Ayurveda não é somente um sistema de medicina, mas uma ciência que promove saúde, aumentando o bem estar e a felicidade em todos os aspectos. Nos mostra não somente como tratar as doenças, mas como viver de uma maneira que nos proporcione uma ótima saúde e um maior aproveitamento das faculdades mentais, que, de acordo com o Yoga e o Ayurveda, são ilimitadas.

Sendo assim, trata não somente de fatores físicos, mas também de fatores psicológicos, que é o fator mais importante para se manter o equilíbrio e, por consequência, a saúde. Pode-se dizer que as doenças são apenas uma descoordenação entre o corpo e a mente.

Um passo importante para a felicidade e uma boa saúde é a liberação da mente, quando todos os nossos desejos se acabam. Estes nos distanciam de uma vida equilibrada, pois fazem com que percamos os limites de medida, causando desequilíbrio da mente. E infelizmente deixamos com que a mente e nossos desejos controlem as nossas ações, colocando regras em nossas vidas e causando desequilíbrio em nossa natureza.

Essa ciência está muito ligada ao Yoga, pois aqueles que querem atingir estados de consciência mais elevados necessitam primeiramente ter um corpo saudável, fora do alcance de doenças, que causam desconforto e nos distanciam cada vez mais do objetivo final.

Esse objetivo às vezes toma muito tempo de nossas vidas para que aconteça, e por isso o Ayurveda trata da saúde para aumentar a longevidade e a qualidade de vida do yogi. Através da combinação de técnicas de Yoga e a utilização de ervas, massagens, dietas e técnicas de purificação, os antigos sábios indianos arrumaram uma maneira de prolongar o tempo de vida.

O Yoga como terapia é tradicionalmente uma parte do Ayurveda, que trata com doenças tanto físicas quanto mentais. Utiliza asanas e pranayamas para a cura de doenças físicas e técnicas de meditação, pratyahara e prática de mantras para curar a mente. Porém, a alimentação correta é um dos fatores mais importantes para se manter a saúde. Nas medicinas orientais, quando uma pessoa fica doente, a primeira técnica de cura é através da alimentação, e ela é realmente muito importante para a medicina ayurvédica, pois é principalmente através dela que absorvemos os elementos da natureza.

O Ayurveda trata cada indivíduo como sendo único, pois cada um tem o seu biotipo, o qual é determinado de acordo com a predominância dos elementos da natureza na sua constituição, bem como através das características físicas e psicológicas da pessoa.

Mas como sabemos quais são os elementos que predominam no nosso próprio corpo, e como isso funciona? Vamos dar alguns exemplos: sabe aquele tipo de pessoa que está sempre com calor, e mesmo no inverno deixa as janelas de casa abertas, que está sempre com fome e pode comer de tudo, pois sempre tem uma ótima digestão e não engorda com facilidade? Esse tem como elemento predominante o fogo. Seu dosha, ou sua natureza, é pitta, que tem como característica ser quente, transformar, e está ligado ao metabolismo do corpo.

Aquela pessoa magra, que não para por um segundo e está sempre inventando algo novo, que tem o apetite e a digestão variados, sofre de insônia, está sempre indecisa sobre o que fazer e dá um pulo de susto se uma porta bater com força, tem como elementos predominantes o espaço e o ar. Seu dosha é vata, que tem como característica ser frio, seco e estar sempre em movimento, e está ligado a todos os movimentos do corpo, principalmente aos impulsos nervosos.

Existe outro tipo de pessoa, que se move devagar e com graça, gosta de rotina, tende a engordar só de olhar pra comida, tem a digestão lenta e pesada, tende a ser alegre e apegado à família e tem os pés e as mãos frias. Essa pessoa tem os elementos água e terra predominantes no corpo. Seu dosha é kapha, que tem como característica ser frio e molhado, estável e sólido, e é responsável pela formação dos tecidos do corpo, assim como pela lubrificação dele.

No entanto, na maioria dos casos, as pessoas tem dois doshas, e existem pessoas que são tridoshicas. Em todos os casos, o que o Ayurveda quer é manter o equilíbrio de todos os elementos da natureza no corpo.

A medicina “tradicional” começa onde a medicina ayurvédica termina: no tratamento da doença. O primeiro estágio do Ayurveda é o desenvolvimento da consciência e, através deste, um maior envolvimento com a natureza, entrando em sintonia com ela. Enquanto a medicina “tradicional” trata de curar a doença, ou seja, matar um microorganismo ou retirar estranhos tumores que aparecem “não sei da onde”, a ciência da vida trata de manter o equilíbrio dos elementos que constituem o Universo e o indivíduo, para que não haja doença.

Fonte: Site Ekadanta Yoga

Um comentário:

sofi disse...

Ah, como eu amo ayurveda... Decidi dedicar minha vida ao estudo do ayurveda e Suddha Dharma.
Ótimo texto ;)

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