11 de mar. de 2010

SANTÍSSIMA TRINDADE, BÍBLICO OU NÃO?

Várias denominações cristãs e outras religiões, como o Islão e o Judaísmo, discordam da doutrina da Santíssima Trindade, isto é, da afirmação de que o Único Deus revela-se em três pessoas divinas distintas. São obviamente as igrejas cristãs não-trinitárias que rejeitam esta doutrina. São os unicistas, os Cristadelfianos e vários movimentos paraprotestantes como os seguidores da Mensagem de William Branham e as Testemunhas de Jeová (não se encaixam no protestantismo). Há também grupos discordantes dentro de algumas denominações que aceitam a doutrina, como por exemplo, os Adventistas.

Conceitos cristãos antitrinitários
A visão unicista de Deus entende haver apenas Um Único Deus, a Pessoa Divina de Jesus Cristo, que se teria manifestado como Deus Pai na criação, Deus Filho na Redenção e o Divino Espírito Santo nos dias atuais. Ou seja, um Deus Único em três manifestações temporais.

Outro ramo entende haver "um Deus e um Senhor", nas figuras de Jesus Cristo como Senhor dos Exércitos e de Deus, o Pai Criador e sustentador do Universo. Segundo os defensores desta ideia, há vários textos bíblicos indicando a existência de somente um único Deus tais como (Êxodo 20:2-3), (I Coríntios 8:6) e (João 4:21, 23). Estes ainda defendem que os textos bíblicos referidos pelos trinitarianos, não tratam diretamente da adoração a uma Trindade ou a "um Deus triúno", pelo que esta deveria ser dirigida somente a um Deus único.

Para os Cristadelfianos nem a palavra Trindade e nem o conceito da Trindade aparecem na Bíblia. Os cristadelfianos ensinam que Deus é uma só pessoa, o Pai, Deus é maior do que o Filho, e que o Filho é subordinado ao Pai.

Conceitos das Testemunhas de Jeová
As Testemunhas de Jeová rejeitam o dogma da Santíssima Trindade como sendo um ensino antibíblico, ou seja, pagão. Argumentam que existe apenas um só Deus verdadeiro que se chama Jeová. Ele é considerado o Deus Todo-poderoso. Em Deuteronómio 6:4 (NM) reafirma claramente o monoteísmo e a ideia de unicidade da Pessoa de Deus. "Jeová [YHVH ], nosso Deus [em hebr. Elohím], é um só Jeová [YHVH ]." As Testemunhas argumentam que a nação de Israel, a quem isto foi dito, não acreditava na Trindade. Os babilônios e os egípcios adoravam tríades de deuses, mas se esclareceu a Israel que Jeová é diferente.

Para as Testemunhas de Jeová, o plural aqui do nome em hebraico [Elohím] é o plural majestático ou de excelência. Não dá a idéia de pluralidade de pessoas numa deidade. Afirmam que, quando em Juízes 16:23 se faz referência ao deus Dagom, emprega-se uma forma do título ’elo·hím; o verbo acompanhante está no singular, o que indica que se refere a apenas um deus. Citam também Gênesis 42:30, que diz que José é "senhor" (’adho·néh, o plural majestático) do Egito. (Veja o Dicionário Bíblico da NAB, Edição de St. Joseph, p. 330, em inglês; também a New Catholic Encyclopedia, de 1967, Vol. V, p. 287.)

As Testemunhas explicam que o idioma grego não possui ‘plural majestático ou de excelência’. Portanto, em Gênesis 1:1, os tradutores da Septuaginta, uma tradução do hebraico para o grego, teriam empregado ho The·ós (Deus, no singular) como equivalente a ’Elo·hím. Afirmam que, em Marcos 12:29, onde se reproduz uma resposta de Jesus em que ele citou Deuteronômio 6:4, emprega-se similarmente o singular ho The·ós, em grego.

O Filho de Deus é encarado como "[um] ser Divino" poderoso ou "[um] Deus". Não o consideram como sendo o Deus Todo-poderoso, mas uma pessoa distinta Dele. (João 1:1,14,18 NM) Foi o "Primogênito de toda a Criação". (Colossenses 1:15)

Aquele que mais tarde se tornou verdadeiramente homem, o Jesus de Nazaré, chamado de Cristo (Messias), teria uma existência pré-humana como filho Unigénito [por ter sido único criado directamente] de Jeová Deus e o Seu porta-voz. Na sua existência pré-humana, crêem que ele era o Arcanjo Miguel, o principal ou líder dos anjos de Deus. Crêem ele teve um papel importante na Criação, como Mestre-de-obras de Deus. (Provérbios 8:30) Enquanto humano, nunca deu consideração à idéia de ser igual a Seu pai, o Deus Todo-poderoso. O próprio Jesus Cristo terá deixado bem claro a ideia de que "o Pai é maior do que eu." (João 14:28) Após a sua ressurreição e ascensão ao Céu, continuou lealmente sujeito a Seu Pai e Deus Todo-poderoso, pois "a cabeça de todo homem é o Cristo; por sua vez, a cabeça da mulher é o homem; por sua vez, a cabeça do Cristo é Deus". (I Coríntios 11:3) No fins dos tempos, ele seria designado juíz e o governante do Reino Messiânico. E no término do seu reinado, "quando todas as coisas lhe tiverem sido sujeitas, então o próprio Filho também se sujeitará Àquele que lhe sujeitou todas as coisas, para que Deus seja todas as coisas para com todos." (I Coríntios 15:25-28)

Entendem que o Espírito Santo não é uma Pessoa Divina. É apenas a força ativa que procede de Deus. Crêem que a personificação do Espírito Santo, encontrada em alguns versículos bíblicos, não provam que seja uma divindade, mas apenas figuras de linguagem. Argumentam que em parte alguma das Escrituras se dá um nome pessoal ao espírito santo; dá-se tão-somente ao nome pessoal do Pai — Jeová, e ao do Filho - Jesus Cristo. Citam Atos 7:55, 56, que relata que Estêvão recebeu uma visão do céu, onde viu "Jesus em pé à direita de Deus", mas não diz ter visto o espírito santo. (Veja também Apocalipse 7:10; 22:1, 3.)

Conceito islâmico
Também os muçulmanos (o Islão) criticam com grande vigor a Trindade que segundo o profeta Maomé seria concebida pelos cristãos como sendo constituída por Deus-Pai, Jesus e Maria. ("História das Religiões", Chantepie de la Saussaye, Vol. 2, 1979) Segundo a sua leitura do dogma da Trindade, consideram que se trata de uma clara e inequívoca afirmação politeísta que atenta contra a unicidade de Alá. (Al Corão 5:73)

Conceito dos movimentos gnósticos
Movimentos neo-gnósticos contemporâneos que se auto-denominam cristãos afirmam, por sua vez, que Jesus Cristo não é Deus como o é YHVH, pois YHVH surge ao longo do Antigo Testamento como sendo um Deus "vingativo", "cruel" e "sedento de sangue" e Jesus como rosto de um "falso Deus" que é "amor", "misericórdia" e "perdão". Entendem que o Espírito Santo é na realidade o "Verdadeiro Deus" que salvou a Humanidade ao ser entregue por Jesus a YHVH aquando da sua morte. (The Gnostic Religion, Hans Jonas, 2001)

Conceito dos pioneiros Adventista do Sétimo Dia
Eles escreveram a esse respeito em um dos principais veículos adventistas da época - The Review and Herald - Fac-símile e tradução dos originais impressos.

- J. N. Loughborough disse que a doutrina da Trindade foi trazida para a Igreja Católica ao mesmo tempo que a adoração de imagens, e que a celebração da guarda do Domingo não é mais do que a doutrina dos persas remodelada. (Adventist Review de 5 de novembro de 1861)

- J. B. Frisbie seguiu o mesmo pensamento de Lougborough dizendo que a Trindade era um louvor à guarda do domingo. (The Advent Review de 4 abril de 1854)

- James White disse que a doutrina da Trindade acaba com a personalidade de Deus e de seu Filho, Jesus Cristo. (The Advent Review de 11 de dezembro de 1855) Disse ainda que os grandes reformadores, se tivessem continuado, não teriam deixado nenhum vestígio das falsas doutrinas, inclusive a Trindade. (Advent Review 7 de Fevereiro 1856)

- J. N. Andrews incluiu a crença na Trindade entre as doutrinas espúrias que compunham o vinho de Babilônia. (Adventist Review de 6 março de 1855)

- D. W. Hull disse que essa doutrina foi invenção do "homem do pecado" em referêcia a II Tessalonicenses Capítulo 2. (Adventist Review de 10 de novembro de 1859).

- Uriah Smith, outro pioneiro que atuou na presidência da Conferência Geral dos Adventistas do Sétimo Dia e também como editor chefe da Review and Herald por mais de cinquenta anos disse: "O Espírito Santo é o Espírito de Deus e o Espírito de Cristo, sendo o Espírito o mesmo quando se fala de Deus ou de Cristo. Mas com relação a este Espírito, a Bíblia emprega expressões que não podem harmonizar-se com a idéia de que seja uma pessoa, tal como o Pai e o Filho." (Review and Herald, 1890)

- William White, filho de Ellen Gould White, era contrário a essa doutrina e dizia que muitas pessoas se utilizavam dos escritos de sua mãe com interpretações errôneas. - Veja a Carta original de 1935.

A Criação - Segundo Ellen G. White
"Pai e Filho empenharam-Se na grandiosa, poderosa obra que tinham planejado - a criação do mundo. A Terra saiu das mãos de seu Criador extraordinariamente bela … Depois que a Terra foi criada, com sua vida animal, o Pai e o Filho levaram a cabo Seu propósito, planejado antes da queda de Satanás, de fazer o Homem à Sua própria imagem. Eles tinham operado juntos na criação da Terra e de cada ser vivente sobre ela. E agora, disse Deus a Seu Filho: "Façamos o Homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. (Gênesis 1:26)" (História da Redenção, Ellen G. White, pág. 20

Versículos bíblicos que fundamentam a crítica à Trindade
Os cristãos defensores de doutrinas contrárias à Trindade indicam diversos trechos bíblicos para fundamentar os seus entendimentos. Segundo eles, a existência de tais versículos inviabilizaria uma coerência da doutrina trinitária com as Escrituras, concluindo-se pela unidade absoluta e indivisível de Deus. Entre tais versículos, alistam:

Novo Testamento
1 Coríntios 11:3: "Quero . . . que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem o cabeça da mulher, e Deus o cabeça de Cristo." Os unitaristas argumentam, com este texto, que Cristo não é Deus, e Deus é superior a Cristo, e que isto foi escrito em cerca de 55 EC, uns 22 anos depois de Jesus voltar ao céu. Portanto, a verdade expressa aqui aplica-se à relação de Deus e de Cristo nos céus.

1 Coríntios 15:27, 28: "Todas as cousas [Deus] sujeitou debaixo dos seus pés [de Jesus]. E quando diz que todas as cousas lhe estão sujeitas, certamente exclui aquele que tudo lhe subordinou. Quando, porém, todas as cousas lhe estiverem sujeitas, então o próprio Filho também se sujeitará àquele que todas as cousas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos."

1 Pedro 1:3: "Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo." Os unitaristas argumentam que, repetidas vezes, mesmo após a ascensão de Jesus aos céus, as Escrituras se referem ao Pai como "o Deus" de Jesus Cristo. Em João 20:17, após a ressurreição de Jesus, ele próprio falou a respeito do Pai como "meu Deus". Mais tarde, quando estava no céu, segundo registrado em Apocalipse 3:12, ele usou novamente a mesma expressão. Os unitaristas afirmam que nunca se diz na Bíblia que o Pai se refira ao Filho como "meu Deus", tampouco o Pai ou o Filho se referem ao espírito santo como "meu Deus".

O apóstolo Paulo escreveu que "no céu e na terra há alguns que se chamam deuses" (1 Coríntios 8:5), declarando que, todavia para nós há um só Deus, o Pai." (1 Coríntios 8:6). Em outra carta, Paulo define Deus como:

"Aquele que tem, ele só, a imortalidade e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver; ao qual seja honra, poder sempiterno. Amem." (Timóteo 6:16)

Numa definição quantitativa: "Há um só Deus, o Pai", conclui-se pela impossibilidade de haver mais do que um único Deus.

No evangelho segundo São João, Jesus disse:
"E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste." (João 17:3).

Primeira Aliança (Antigo Testamento)
Em Isaías 44:6, Deus define-se no tempo e no espaço:
"Eu sou o primeiro e eu sou o último. Fora de mim não há Deus."

Em Êxodo 20:3, o Criador define-se como único:
"Não terás outros deuses diante de Mim" (singular).

Constam ainda em Zacarias 14:9 as seguintes palavras:
"E o Senhor será Rei sobre toda a terra; naquele dia um será o Senhor, e um será o seu nome."

Sobre alegação da sua origem pagã
Alguns movimentos que, embora não sejam reconhecidos como cristãos pelas grandes denominações cristãs, junto a movimentos para-cristãos, afirmam que a Trindade é o fruto da importação de conceitos religiosos pagãos, e ainda uma fabricação da Igreja do Século IV. A este respeito, porém, é hoje consensual entre os especialistas em História das Religiões que em outras religiões - em especial a religião egípcia e o hinduísmo - não se encontra a afirmação da subsistência de um Deus em três Pessoas distintas - crença peculiar e restrita ao cristiansmo trinitário -, mas tão só a reunião de três deuses distintos de entre um vasto panteão, ou de três avatáres, respectivamente. (Ref.ª Henri-Charles Puech - "Histoire des Religions", T1. T2, 1999; Konemann Verlag - "Histoire des Religions", 1997). A trindade Egípcia

Mas o historiador Will Durant observou: “O cristianismo não destruiu o paganismo; ele o adotou. . . . Do Egito vieram as idéias de uma trindade divina.” E no livro Egyptian Religion (Religião Egípcia), Siegfried Morenz diz: “A trindade era uma das principais preocupações dos teólogos egípcios . . . Três deuses são combinados e tratados como se fossem um único ser, a quem se dirige no singular. Deste modo, a força espiritual da religião egípcia mostra ter um vínculo direto com a teologia cristã.

A fé em um "deus que ao mesmo tempo, que é um, são três", ou ainda "em um deus-família", a exemplo da trindade egípcia: "Osíris, Ísis e seu filho - Horus" - tal similitude é encontrada em vultos de deidades que se repetiram na história entre os babilônios, gregos e, posteriormente, entre os próprios romanos, mudando apenas de nome.

O efeito dessas crenças foi a criação do dogma chamado de Santíssima Trindade.

A História nos mostra, indubitavelmente, que os primeiros cristãos incorporaram elementos pagãos em suas crenças e rituais, nosso objetivo é mostrar a origem de crenças cristãs, que estão intimamente ligadas ao paganismo e as mitologias, que, para maior crédito, foram transformadas em dogmas, apesar de hoje em dia estarem caindo no descrédito, devido ao amadurecimento espiritual dos homens, que hoje busca mais o conhecimento da origem das coisas.

Quanto à datação da doutrina da Trindade como tendo surgido somente no século IV, as práxis sacramentais e os escritos cristãos dos três primeiros séculos - sobretudo Orígenes, Teófilo de Antioquia, Justino, Hipólito e Tertuliano, na opinião de muitos, são testemunhos suficientes para se ser ter uma posição de grande renitência, senão mesmo de rejeição, quanto à veracidade dessa afirmação (Refª Mircea Eliade - "Traité d'histoire des religions", 2004). Na opinião destes últimos, se a formulação dogmática da referida doutrina só foi postulada no decorrer dos grandes concílios ecuménicos do referido Século IV, crêem que a sua crença é-lhe anterior, afirmando ainda que a sua génese pode remontar aos próprios escritos do Novo Testamento.

Comma Johanneum
Em algumas versões da Bíblia (KJV, AV, Almeida Revista e Corrigida, Tradução brasileira, etc.), encontra-se a seguinte passagem acrescentada a 1 João 5:7,8: …"no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo, e esses três são um. E três são os que dão testemunho na terra". Alguns estudiosos e estudantes bíblicos sustentam que a antemencionada passagem, o Comma Johanneum, não aparecia (nem o faz em cópias posteriores até o século XII A.D.) nos manuscritos originais da Bíblia. É a razão de muitas versões modernas da Bíblia não incluirem essas palavras no contexto entre os v.v. 7-8 de 1 João; pode se tratar duma interpolação ao texto original.

Fonte: Wikipedia

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